CASO: Viaduto Guararapes em BH

Série que trata especificamente de casos de ações que poderiam ter interrompido a sequência de desdobramentos e, assim, diminuído o número de vítimas em um desastre.

Mostra a importância da comunidade conhecer melhor o mecanismo de ação do Ministério Público, da Defesa Civil e de outros órgãos e entidades, assim como dá dicas para escolas, academias, igrejas e associações organizarem Comissões de Segurança para o esclarecimento e alertas.

O símbolo das Mortes Evitáveis foi inspirado na ação desencadeada no dia 11/11/2014 quando a torre de Londres foi circundada por 888.246 flores vermelhas simbolizando o rio de sangue derramado pela morte dos soldados ingleses durante a Primeira Guerra Mundial.

1 - IDENTIFICAÇÃO DO CASO:

Data: 3 de julho de 2014.

Horário: Aproximadamente 15:30hs

Local: Avenida Pedro I - Ver no Google:

Vítimas: 2 mortos e 20 feridos, incluindo operários da obra.

2 - DESCRIÇÃO DA OBRA:

O viaduto Guararapes estava sendo construído sobre a avenida Pedro I, via de acesso ao aeroporto Internacional  em Confins, na região da Pampulha, como parte das obras de mobilidade para a Copa do Mundo 2014 de acesso ao estádio Mineirão.

 

O DESABAMENTO:

O SALVAMENTO: 

 

 

3 - REPERCUSSÃO INTERNACIONAL:

 

4 - CAUSAS POSSÍVEIS:

Causas que podem ter contribuído, direta ou indiretamente, para a ocorrência do desastre.

Falha de Projeto:

Falha de Concepção: O projetista, engenheiro civil com experiência em obras de viadutos e pontes, cometeu uma falha não estruturando a obra com os componentes de resistência

Falha de Cálculo: O calculista, engenheiro civil com experiência em cálculo de dimensionamento de estrutura de concreto armado

Falha de Execução:

Falha na Forma: O carpinteiro, profissional especializado e experiente em interpretação de desenho de forma, cometeu uma falha e confeccionou a forma diferente ou com outras dimensões do que indicado nos desenhos.

Falha da Armação: O armador, profissional especializado e experiente em interpretação de desenho de armadura,  cometeu uma falha e colocou a ferragem em local ou disposição ou quantidade ou bitola diferente do indicado no Projeto Estrutural

Falha da Concretagem: O concreto aplicado não foi o concreto especificiado no Projeto Estrutural ou o concreto estava certo porém foi aplicado depois do prazo de validade ou mesmo dentro da validade foi mal aplicao ou mal adensado

Falha na Cura: O concreto precisa de um período de tempo para adquirir a resistência mínima antes que o cimbramento seja retirado. O engenheiro da obra autorizou a retirada antes de completado esse período de cura.

 

5 - ESPECULAÇÃO:

A partir da observação do local, técnicos relataram que os pilares, que são únicos, estavam apoiados num bloco de fundação que é uma viga apoiada sobre 5 estacas e o que se viu é que o pilar afundou por inteiro.

6 - DESFECHO DA HISTÓRIA:

Em 3 de julho de 2014, uma das alças do viaduto Guararapes desabou sobre a Avenida Pedro I, entre os bairros Planalto e São João Batista. Um micro-ônibus que passava pelo local teve a frente esmagada.

A motorista Hanna Cristina dos Santos, de 24 anos, morreu e 23 passageiros ficaram feridos. Um carro foi prensado, e o condutor Charlys do Nascimento, de 24, também não resistiu. Outros dois caminhões atingidos estavam vazios.

A estrutura fazia parte do pacote de obras de mobilidade para a Copa do Mundo de 2014.

Dois meses depois do desastre, no dia 14 de setembro de 2014, o que sobrou do viaduto foi implodido. As investigações da Polícia Civil concluíram que "a queda foi consequência do desprezo às normas mínimas de segurança, que o desabamento era previsível e se tornou iminente quando se constatou a dificuldade de retirada do escoramento da construção". Para o Instituto de Criminalística da Polícia Civil, teve erro de cálculo e faltou ferragem nas estruturas que sustentavam o viaduto.

Em 18 de dezembro de 2020, seis anos depois do ocorrido, a Justiça condenou seis engenheiros, e absolveu outros dois, pela queda do viaduto Batalha dos Guararapes. De acordo com o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), a decisão é da juíza Myrna Fabiana Monteiro Souto, que "condenou cinco engenheiros, por crime culposo, a cumprir penas que variam de 2 anos e 7 meses a 3 anos e um mês de prisão. Ela concedeu o direito de substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direito e cada um deve pagar o valor em dinheiro de 200 salários-mínimos aos dependentes das duas vítimas fatais e outros 50 salários-mínimos para cada uma das 23 vítimas lesionadas", conforme a nota da assessoria do órgão. Já o sexto engenheiro da Cowan, O.V.C., foi condenado por crime doloso (dolo eventual) e não teve o direito a essa substituição. O profissional foi condenado a 4 anos e 8 meses de prisão, uma vez que era responsável por fiscalizar as obras do viaduto e, segundo a decisão, foi avisado dos estalos antes da queda. “Ele deveria ter interrompido o trânsito, evitando assim que vidas fossem ceifadas e lesionadas”, explicou a magistrada, ainda conforme o comunicad do TJMG.

Além dos dois mortos, seis operários que trabalhavam no local e 17 passageiros do micro-ônibus ficaram feridos. Os condenados são "diretores, coordenador-técnico e engenheiros responsáveis pelas construtoras Cowan S.A. e Consol Engenheiros Consultores Ltda. e supervisor, diretor e secretário de Obras e Infraestrutura da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), órgão responsável pela gestão do setor no município". 

Os seis condenados também não poderão mais exercer a profissão "por tempo igual ao período de condenação". A princípio, as penas serão cumpridas em regime aberto. Outros dois profissionais que trabalhavam na Cowan morreram durante o processo judicial, o que ocasionou a extinção da punibilidade deles. Já o boliviano que vive em outro país, teve o processo desmembrado. Funcionários da Cowan, M.S.T., e da Sudecap, D.R.P., foram absolvidos por falta de provas da responsabilidade deles na queda da estrutura.   

Conforme denúncia do Ministério Púbico (MP), a queda do viaduto foi ocasionada por vários fatores.  "Erros e omissões grosseiras, descaso com o dinheiro público, irresponsabilidade de quem devia zelar pela segurança, aceitação de riscos, negligência na fiscalização, pressa e urgência desmedidas, já que a Copa do Mundo se aproximava". Ainda de acordo com o MP, “a urgência era perceptível e a Sudecap, que nada fiscalizava de fato, queria somente que as empresas se entendessem e tocassem o projeto”. 

Mais detalhes sobre o processo: https://www.tjmg.jus.br/portal-tjmg/noticias/justica-condena-6-engenheiros-por-queda-do-viaduto-guararapes-8A80BCE576728CBF01767676ADBC4398.htm#.X90GflBv-iM


 

 

NOTA IMPORTANTE: As colocações acima são meramente ilustrativas e só tem valor didático. O site não se presta ao esclarecimento dos fatos reais ocorridos. Pelo aspecto pedagógico envolvido, as matérias e figuras podem ser livremente copiadas, impressas e distribuídas - Só não pode ser pirateada, isto é, copiar e distribuir como se fossem de sua autoria. O site procura mostrar aos engenheiros recém formados que a Responsabilidade Civil do profissional é sempre julgada pelo Poder Judiciário que acionado pelo Ministério Público analisa todos os fatos coletados e aponta as responsabilidades de cada profissional envolvido.

O site é mantido por Roberto Massaru Watanabe, engenheiro civil, formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, turma de 1972, trabalhou no IPT, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, trabalhou também no projeto da Rodovia dos Imigrantes, do Anel Rodoviário de São Paulo e se dedica à realização de Perícias de Engenharia em casas, sobrados, prédios e obras públicas. Mais detalhes sobre a experiência profissional em .

RMW\pericias\CasoViadutoGuararapesBH2014/CasoViadutoGuararapes.htm em 20/12/2020, atualizado em 20/12/2020.