CARRO     DENTRO     DA     CURVA

 

Quando um veículo realizada uma curva, suas rodas dianteiras possuem "vida própria" e cada uma delas vai realizar um trajeto próprio. Veja um carro que acabou de passar por uma poça d'água: ele vai deixar no chão um rastro como o seguinte:.

Figura 1: Rastros deixados pelas rodas de um veículo em curva.

Isso acontece para evitar o derrapamento da roda. Em um curva, as rodas devem seguir uma trajetória que seja perpendicular ao raio da curva que roda executa.

Cada uma das rodas faz uma curva com raios distintos. Chama-se "alinhamento" e a regulagem deve ser feita por profissionais habilitados empregando aparelhos próprios.

Quem estudou profundamente o fenomeno do comportamento das rodas dentro de uma curva foi o engenheiro mecânico Earle S. MacPherson que trabalhou nas grandes montadoras como GM e FORD e desenvolveu a famosa Suspensão McPherson.

Outro que também andou estudando este fenômeno foi o inglês Rudolph Ackermann que desenvolveu, entre outros produtos, a Geometria de Ackermann.

A geometria trapezoidal dá o fundamento dos mecanismos de giro das rodas dianteiras:

Caminhões fazendo a curva é uma situação mais critíca ainda. A maior parte das rodovias (rodovias? ou estradinhas) brasileiras não são dotadas de sobrelargura que é a largura adicional necessária na largura da faixa de rolamento para evitar que as rodas trazeiras do caminhão, ou da carreta, o que seria pior, passe por cima do veículo que entra junto na curva e pela parte de dentro. É duro, a gente assiste a muitas discussões entre motoristas dizendo que o outro entrou na curva sem olhar para os lados. Discussão esta que poderia não existir caso a rodovia tivesse sido contruída para um tráfego seguro.

Veja, por exemplo, um caminhão do tipo SR, isto é um Semi Reboque, na classificação oficial brasileira emitida pelo DNIT e aprovada pelo Conselho Nacional de Trânsito:

Figura 4: Em trecho reto, o caminhão trafega com segurança 
dentro da faixa de 3,50 metros. Tem folga suficiente nas duas laterais, 
mesmo que ele trafegue a 160 km/h.

Figura 5: Em trecho curvo há necessidade de alargamento da faixa,
denominada Sobrelargura para que a roda trazeira do caminhão
não invada a faixa interna, passando por cima de veículos pequenos.

 

O desenho da Figura 5 mostra o número 4,50m que é apenas ilustrativo. A largura adicional depende da classe da via e do raio de curvatura. Em vias de classe "local" não existe este problema porque não há nem permissão para o tráfego de caminhões tipo SR. Curvas com pequeno raio de curvatura como em Via Arterial Secundária ou Via Coletora, os raios podem ser bem pequenos. Então é muito comum ver ônibus e caminhões passando por cima de paralamas de veículos pequenos.

O DESAFIO:

Se nos trechos retos a largura da faixa de rolamento pode ser de apenas 3,50 m, mas no trecho em curva a faixa precisa ter uma largura maior, por exemplo, 4,50 metros, então como podemos compatibilizar 2, 3, 4 ou mais faixas? Como fazer o alinhamento de cada uma das faixas mantendo a segurança dos veículos. Na Rodovia dos Imigrantes, por exemplo, há trechos com 4 faixas de rolamento. Como fazer a concordância entre as faixas na reta e na curva?

Figura 6: No trecho reto, 3 faixas com 3,50 m cada
totalizam 10,50 metros de pista. 
Na curva, as mesmas faixas precisam ter, por exemplo, 
4,50 metros cada, totalizando 13,50 metros. 

 

Se eu adotar um alinhamento pela faixa de dentro (no caso, da direita, a Faixa 1) a Faixa 3 ficará bastante deslocada e um veículo trafegando nela terá muita dificuldade para entrar na curva e conseguir manter o equilíbrio e sem "sair pela tangente".

Outra alternativa é fazer o alinhamento das faixas, entre o techo reto e o trecho curvo, pela esquerda.Dá na mesma, o problema vai ficar para a última faixa da direita. 

Poderia também pensar em alinhar a Faixa 2, deixando pouco desalinhada as faixas laterais.

Bem o problema é que existe uma outra questão chamda Superelevação que apresento no .

COMO RESOLVER ESSA COMPATIBILIZAÇÃO?

Bem, já estou ficando até com dor de cabeça. Acho que o melhor mesmo é fazer o que todo mundo faz, e aplica na maior parte das rodovias brasileiras, isto é, fazer a curva sem sobrelargura. Veja na figura 7 como ficou "bonitinha". 

Se começar a acontecer acidentes com caminhões, basta proibir o tráfego de caminhões e se começar a acontecer acidentes com automóveis, basta reduzir o limite máximo de velocidade para, por exemplo, 30 km/h. FÁCIL.

Figura 7: Concordância de faixas entre o recho reto e o trecho curvo.

 

ET-12\RMW\trafegando\concDC.htm em 23/06/2011, atualizado em 13/12/2011 .