O CONCRETO BRASILEIRO
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O CONCRETO BRASILEIRO |
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Nos outros países, o uso do concreto é mais restrito às edificações. Casas, Sobrados e Prédios Pequenos são construídos com concreto enquanto que prédios altos, torres, pontes e viadutos são construídos com estrutura metálica.
No Brasil, devido a diversos fatores históricos, econômicos e geográficos, desenvolveram-se uma multiplicidade de tipos de concreto, não só em estruturas de edificações como também em outras áreas como a rodoviária onde se emprega amplamente o concreto betuminoso e mais recentemente o concreto de solo-cimento.
Um engenheiro estrangeiro encontra grandes dificuldades em determinados tipos de obras por aqui pois lá, no país dele, certas obras como viadutos são sempre projetadas em aço e na faculdade de engenharia nem existe a matéria "viaduto de concreto armado" pois não passa pela cabeça deles que um viaduto pode ser de concreto.
Aliás, enquanto que nós brasileiros estudamos o "concreto armado" como um produto único considerando as propriedades do conjunto, eles chamam de "reinforced concrete" isto é, "concreto reforçado", isto é, a abordagem deles é sempre a estrutura como sendo essencialmente de "concreto" à qual são adicionadas as propriedades do aço. É um "concreto reforçado".
Para atender a toda essa gama de aplicações, a tecnololgia brasileira desenvolveu, e continua a desenvolver, diversos tipos de cimento.
Sem a pretenção de esgotar o assunto, veja uma pequena lista dos diversos tipos de cimento fabricados no Brasil:
| SIGLA | CARACTERÍSTICAS | NORMA BRASILEIRA | |
| CP I | Cimento Portland Comum | NBR-5732 | Cimento do tipo Portland sem quaisquer adições, indicada para obras em geral em local abrigado e longe de agentes agressivos. |
| CP I-S | Cimento Portland Comum com Adição | NBR-5732 | Cimento do tipo Portland com adição de até 5% de material pozolânico. |
| CP II | Cimento Portland Composto | NBR-11578 | Cimento tipo Portland com modificações para melhorar determinadas características do concreto como menor calor gerado, maior resistência ao ataque de sulfatos contidos no solo. |
| CP II-E | Cimento Portland Composto com Escória | NBR-11578 | Com adição de escória granulada de alto-forno. Confere baixo calor de hidratação e boa resistência ao ataque por sulfatos. |
| CP II-F | Cimento Portland Composto com Filer | NBR-11578 | Com adição de material carbonático - filer. |
| CP II-Z | Cimento Portland Composto com Pozolana | NBR-11578 | Com adição de material pozolânico. Confere maior impermeabilidade à peça, sendo recomendado para a confecção de artefatos e obras subterrâneas, marítimas e industriais onde haja contato com água. Apresenta também um aumento da resistência química. |
| CP III | Cimento Portland de Alto-Forno | NBR-5735 | Com adição de escória. Apresenta maior impermeabilidade e durabilidade, além de baixo calor de hidratação, assim como alta resistência à expansão devido à reação álcali-agregado, além de ser resistente a sulfatos. |
| CP IV | Cimento Portland Pozolânico | NBR-5736 | Com adição de pozolana em até 40%. É especialmente indicado para obras expostas às ação de água corrente e ambientes agressivos como esgotos e processos industriais. |
| CP V-ARI | Cimento Portland de Alta Resistência Inicial | NBR-5733 | Indicado para obras que se deseja alta resistência em poucos dias como na fabricação de artefatos de concreto. Consegue-se resistências do tipo 26 MPa a um dia e 53 MPa aos 28 dias. |
| CP RS | Cimento Portland Resistente a Sulfatos | NBR-5737 | Resistente aos meios agressivos sulfatados, como rede de esgoto de águas servidas ou industriais, água do mar e em certos tipos de solos. |
| CP BC | Cimento Portland de Baixo Calor de Hidratação | NBR-13116 | Tem a propriedade de retardar o desprendimento de calor em peças de grande massa. |
| CPB | Cimento Portland Branco | NBR-12989 | Pode ser estrutural e não-estrutural. É indicado para aplicações de fachada, pela sua coloração e é comercializado nas classes de resistência 25, 32 e 40. |
A sigla NBR refere-se à norma técnica emtida pela Associação Brasileira de Normas Técnicas, a ABNT, e que contém os requisitos mínimos e máximos que os produtos devem atender para poderem ser comercializados no mercado brasileiro. Não importa onde o produto é fabricado. Mesmo produtos importados devem, obrigatoriamente, atender as exigências contidas nas normas da ABNT. Veja mais sobre a ABNT clicando na figura ao lado. Para diferenciar os produtos da sua linha de produção de cimentos, os fabricantes utilizam cores diferentes para cada tipo de embalagem. Veja algumas fotos:
Isso facilita muito e evita confusão. Na hora de comprar mais um saco, não há como confundir e terminar uma concretagem com cimento diferente do que começou.
As cores facilitam e evitam confusão entre um tipo e outro de cimento mas tome muito cuidado pois não há padrão de cores e determinado cimento que é vendido em embalagem de cor verde por um fabricante não terá a mesma cor na embalagem de outro fabricante.
Fonte: ABCP - Associação Brasileira de Cimento Portland. NBR é a sigla utilizada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas para identificar as especificicações técnicas de produtos fabricados no Brasil.
De acordo com a publicação Tecnologia de Edificações, do IPT-Instituto de Pesquisas Tecnologicas do Estado de São Paulo:
- A adição de pozolana retarda a cura, dimimuindo o calor produzido. Entretanto, a resistência mecânica final pode ser maior. É um concreto ótimo para concreto de massa como grandes pilares e fundações de porte;
- Caso seja empregado agregados com tendência a reagir com os álcalis do cimento, a presença da pozolana acelera essa reação, isto é, a pozolana reage com os álcalis do cimento, evitando a tão nociva reação com o agregado;
- As pozolanas são materiais naturais. Nos países onde tem vulcões, use-se as cinzas vulcânicas;
- No Brasil que nao tem vulcões, usa-se como material pozolânico as cinzas volantes resultantes da combustão de carvão mineral em usinas termelétricas ou argilas ou folhelhos argilosos ativados por calcinação.
Do ponto de vista ecológico, o desenvolvimento de cimento do tipo portland com adições ajuda a preservar as jazidas de calcário e aproveita resíduos industriais poluidores, como é o caso da escória granulada de alto-forno.
CIMENTO PORTLAND
ANTES DE 1980 1980 1988
A PARTIR E 1991
COMUM CP-250 CP-25 CPS-25 CPS-32 CPS-40 CPI-25 CPI-32 CPI-40 CP-320 CP-32 CPE-25 CPE-32 CPE-40 CP I-S-25 CP I-S-32 CP I-S-40 CP-400 CP-40 CPZ-25 CPZ-32 CPZ-40 COMPOSTO CP II-E-25 CP II-E-32 CP II-E-40 CP II-Z-25 CP II-Z-32 CP II-Z-40 CP II-F-25 CP II-F-32 CP II-F-40 ALTO-FORNO AF-250 AF-25 AF-25 CP III-25 AF-320 AF-32 AF-32 CP III-32 AF-40 CP III-40 POZOLÂNICO POZ-250 POZ-25 POZ-25 CP IV-25 POZ-320 POZ-32 PAZ-32 CP IV-32 ALTA RESISTÊNCIA INICIAL ARI ARI ARI CP V-ARI Fonte: ABCP
CIMENTOS X APLICAÇÕES:
https://www.aecweb.com.br/cont/m/rev/cimento-diferentes-tipos-e-aplicacoes_11959
Aplicação Tipos de cimento Portland Argamassa de revestimento e assentamento de tijolos e blocos Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de Alto-Forno (CP III) e Pozolânico (CP IV) Argamassa de assentamento de azulejos e ladrilhos Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F) e Pozolânico (CP IV) Argamassa de rejuntamento de azulejos e ladrilhos Branco (CPB) Concreto simples (sem armadura) Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de Alto-Forno (CP III) e Pozolânico (CP IV) Concreto magro (para passeios e enchimentos) Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de Alto-Forno (CP III) e Pozolânico (CP IV) Concreto armado com função estrutural Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de Alto-Forno (CP III), Pozolânico (CP IV), de Alta Resistência Inicial (CP V-ARI) e Branco Estrutural (CPB Estrutural) Concreto protendido com protensão das barras antes do lançamento do concreto Composto (CP II-Z, CP II-F), de Alta Resistência Inicial (CP V-ARI) e Branco Estrutural (CPB Estrutural) Concreto protendido com protensão das barras após o endurecimento do concreto Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de Alto-Forno (CP III), Pozolânico (CP IV), de Alta Resistência Inicial (CP V-ARI) e Branco Estrutural (CPB Estrutural) Concreto armado para desforma rápida, curado por aspersão de água ou produto químico de Alta Resistência Inicial (CP V-ARI), Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de Alto-Forno (CP III), Pozolânico (CP IV) e Branco Estrutural (CPB Estrutural) Concreto armado para desforma rápida, curado a vapor ou com outro tipo de cura térmica Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de Alto-Forno (CP III), Pozolânico (CP IV), de Alta Resistência Inicial (CP V-ARI) e Branco Estrutural (CPB Estrutural) Elementos pré-moldados de concreto e artefatos de cimento curados por aspersão de água Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de Alto-Forno (CP III), Pozolânico (CP IV), de Alta Resistência Inicial (CP V-ARI) e Branco Estrutural (CPB Estrutural) (VER NOTA) (*) Elementos pré-moldados de concreto e artefatos de cimento para desforma rápida, curados por aspersão de água de Alta Resistência Inicial (CP V-ARI), Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F) e Branco Estrutural (CPB Estrutural) Elementos pré-moldados de concreto e artefatos de cimento para desforma rápida, curados a vapor ou com outro tipo de cura térmica Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de Alto-Forno (CP III), Pozolânico (CP IV) e Branco Estrutural (CPB Estrutural)
Pavimento de concreto simples ou armado Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de Alto-Forno (CP III) e Pozolânico (CP IV) Pisos industriais de concreto Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de Alto-Forno (CP III), Pozolânico (CP IV) e de Alta Resistência Inicial (CP V-ARI) Concreto arquitetônico Branco Estrutural (CPB Estrutural) Solo-cimento Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de Alto-Forno (CP III) e Pozolânico (CP IV) Argamassas e concretos para meios agressivos (água do mar e de esgotos) de Alto-Forno (CP III), Pozolânico (CP IV) e Resistente a Sulfatos Concreto-massa de Alto-Forno (CP III), Pozolânico (CP IV) e de Baixo Calor de Hidratação Concreto com agregados reativos Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de Alto-Forno (CP III) e Pozolânico (CP IV)
Outras características sobre cimento pode ser vista no site: http://www.ebanataw.com.br/roberto/trincas/caso40.htm
A execução de toda e qualquer obra de concreto, por envolver questões de segurança e de responsabilidade civil, deve ser acompanhada por um técnico resposável com registro na Prefeitura Municipal. As dicas acima são meramente ilustrativas e só tem valor didático. Pelo aspecto pedagógico envolvido, as matérias e figuras podem ser livremente copiadas e distribuídas. Só não vale piratear, isto é, copiar e depois divulgar como sendo de sua autoria. |
ET-10\www\roberto\concreto\conc2.htm em 20/09/2008, atualizado em 03/03/2020.
