Plano de Combate às Enchentes
no Vale do Rio Aricanduva
 

Uma proposta do Engenheiro Civil Roberto Massaru Watanabe, especialista em pluviologia e hidráulica fluvial, que abre uma importante porta para a participação do comércio, indústrias e população, das regiões atingidas, na prevenção e combate às enchentes.

FEVEREIRO DE 2002


Fala a voz da experiência.

Plano de Combate às Enchentes do Vale do Rio Aricanduva

1 - INTRODUÇÃO

 Caixa de texto: Até um leigo percebe que "todo esse volume" de água não cabe nos piscinões...  







Até um 
O Rio Aricanduva, localizado na região leste da Capital, tem as suas cabeceiras na região limítrofe com o município de Mauá, possui afluentes de porte como os rios Limoeiro, Caguaçu, dos Machados, Anhumas, Tapera, Taboão, Taubaté, Rapadura, Rincão e Tatuapé e após percorrer cerca de 20 kilometros deságua no Rio Tietê entre o bairro da Penha e Tatuapé.

Ao longo de seu percurso encontramos diversos tipos de singularidades hidráulicas, que provocam o retardamento do fluxo das águas. A existência dessas singularidades se explica pelo fato da canalização do rio ter sito executada por partes, na medida em que novas áreas foram sendo urbanizadas.

As sucessivas administrações governamentais e empreiteiras contratadas não tiveram o cuidado de garantir uma continuidade hidráulica da calha do rio, chegando, inclusive, a empregar concepções e materiais diferentes em diversos trechos do rio, resultando pontos de singularidade localizada que estrangulam o fluxo natural das águas. O resultado é como se o ralo do banheiro de nossa casa estivesse entupido, isto é, a água não escoa com facilidade ocasionando, assim, as enchentes.

Alguns afluentes, pelo seu porte, merecem um estudo à parte. Não há como comparar a bacia do Taboão (densamente urbanizada) com a do Limoeiro (baixa ocupação urbana).

Para a enchente catastrófica ocorrida em fevereiro de 2002, contribuiu somente o Rio Taboão. Ele deságua no Rio Aricanduva ali perto do Supermercado Carrefour e é justamente onde aconteceram os maiores estragos.

Nem piscinão nem atitudes de recolher móveis e colchões velhos jogados na rua poderiam evitar catástrofes desta natureza. Além disso, um simples piscinão CONGELA uma vasta área urbana, algo como 100.000 metros quadrados, área onde poder-se-ia construir mais de 1.200 apartamentos tipo CDHU, além de áreas de esportes, de laser, bibliotecas, anfiteatros, escolas e postos de saúde. É uma pena "jogar fora" uma área urbana cara para ser usada uma ou duas vezes a cada 5 anos. 

2 - O PLANO

O presente Plano de Combate compõe-se de um conjunto de iniciativas que objetiva dotar a região compreendida pela bacia do Rio Aricanduva e de suas sub-bacias de uma infra-estrutura integrada e completa para a prevenção e para o combate às cheias provocadas pelas chuvas de verão. O plano prevê também uma orientação técnica completa aos moradores, lojas e indústrias.

Compreende também um estudo completo das singularidades hidráulicas do rio e deve complementar as ações que os governos Federal, Estadual e Municipal estão desenvolvendo para diminuir o impacto das chuvas, como a retificação do leito do rio e a construções de barreiras de detenção, vulgarmente conhecidas como “piscinões”.

Abre uma importante possibilidade para a contribuição da iniciativa privada e participação de toda a população envolvida, hoje de mãos atadas, refém dos mandos e desmandos dos políticos que não têm um compromisso sério para com a efetividade das medidas que são tomadas para a solução do problema das enchentes. Finalmente o povo vai poder tomar conta daquilo que é seu.

De uma forma resumida, o Plano compreende as seguintes atividades:

                                     1 -   Levantamento Cadastral. Levantamento topográfico IN-LOCO do leito do rio e das seções transversais da bacia do Rio Aricanduva e de todas as suas sub-bacias.

                                     2 -   Estudo das Singularidades Hidráulicas. Consiste no estudo hidráulico das singularidades com o objetivo de determinar o grau de influência de cada singularidade na liberdade de escoamento das águas.

                                     3 -   Projeto da Rede de Telemetria. Estudo dos locais de significância para a previsão de cheias, dos pontos possíveis de instalação de postos de pluviometria e qualidade do enlace radiofônico para comunicação ONLINE 24 horas por dia com a Central de Monitoramento. Os equipamentos que compõem um determinado posto será determinado em função do tipo de monitoramento daquele posto e compreenderá aparelhos do tipo termômetro, higrômetro, pluviômetro, anemômetro e câmeras de vídeo.

                                     4 -   Desenvolvimento do Software de Monitoramento. Programa de computador, um sistema especialista, baseado em técnicas de inteligência artificial contendo os parâmetros hidráulicos da bacia do Rio Aricanduva e de suas sub-bacias.

O software deve receber os dados enviados pela rede de telemetria, analisar locais, intensidade e direção das chuvas e baseando-se em parâmetros hidráulicos históricos, fornecer dados de previsão de cheias a órgãos dos governos (defesa civil, corpo de bombeiros, administração regional e pronto-socorros) e entidades participantes do projeto (igrejas, sociedade amigos, universidades e companhias de seguros). Com isso, poder-se-á preparar, com a antecedência necessária, intervenções para se evitar e, nos casos em que não for possível evitar, providenciar o socorro imediato e adequando às vítimas.

O software vai permitir a previsão com no mínimo 20 minutos de antecedência, tempo suficiente para que moradores, transeuntes e veículos em trânsito na área afetada possam sair da área ou levantar as barreiras (comportas e válvulas de retenção) de forma que a enchente (inevitável) não venha a causar prejuízos materiais e, principalmente, vítimas fatais.

Além dos participantes do projeto, a população em geral também terá acesso às informações, de forma ONLINE, através de um site especial na INTERNET.

                                     5 -   Palestras de esclarecimento. Conjunto de palestras proferidas por técnicos qualificados envolvidos no projeto, deve fornecer esclarecimentos à população em geral sobre o funcionamento do sistema. As palestras serão apresentadas em escolas, igrejas, centros comerciais e outros locais de grande afluência de público.

                                     6 -   Palestras de Orientação. Conjunto de palestras dirigidas, proferidas por técnicos qualificados envolvidos no projeto, deve fornecer orientação para os moradores e comerciantes sobre o funcionamento do sistema em associações de classe, igrejas, escolas e sociedades amigos. Deve fornecer também projetos sobre modificações na rede particular de esgoto e de águas pluviais, formas de disposição de móveis e aparelhos domésticos e ações de prevenção e combate às enchentes.

                                     7 -   Orientação Individual. Para moradores e comerciantes feitas por técnicos envolvidos no projeto, inclui o fornecimento de desenhos de comportas e outros dispositivos de prevenção e combate às enchentes, assim como receitas de como dispor os móveis e aparelhos domésticos para poderem ser rapidamente removidos em casos de enchente iminente. Cabe esclarecer que os projetos de comportas e outros dispositivos para a contenção da inundação, são projetos cuja eficácia foi exaustivamente testadas em entidades de tecnologia como o Instituto de Pesquisas Tecnológicas e não meras soluções caseiras confeccionadas pelos moradores.

                                     8 -   Instalação da Rede de Telemetria. Reuniões com condomínios de prédios, administradoras de condomínio e empresas para fornecer esclarecimentos sobre a instalação de postos de medição. Confecção e assinatura dos Contratos de Guarda dos equipamentos. Fornecimento dos equipamentos e instalação dos postos de medição. Testes de enlace radiofônico com a Central. Evento para inauguração do sistema.

                                     9 -   Instalação de Placas e Painéis. Conjunto de placas, painéis e avisos luminosos instalados nos principais cruzamentos de acesso às regiões alagáveis. Os luminosos serão ativados diretamente pela Central de Monitoramento toda vez que ocorrer estados de iminência de enchentes. Semelhantes a placas de trânsito, serão instalados em postes de concessionárias de serviços públicos e terão luzes que ficarão piscando enquanto durar o estado de iminência ou a enchente. 

3 - FUNCIONAMENTO

  O Plano prevê diversos níveis de alerta:

O sistema de detecção, a rede de telemetria, os radares meteorológicos, enfim, todas as fontes de dados fornecem informações para a Central de Monitoramento.  

Detectada e determinada a região (bairros que serão atingidos), a intensidade pluviométrica e a duração das chuvas, o sistema irá classificar a ocorrência em um dos Níveis de Alerta.

No amarelo, ocorrerão enchentes, porém não se prevê danos materiais de monta pois o nível das águas atingirão somente as cotas consideradas "normais".

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No Laranja poderá haver Danos Materiais de monta pois os níveis d'água atingirão contas maiores que as "normais".

No Vermelho poderá haver Danos Corporais e até óbitos ou devido ao volume de água ou devido a determinadas conjunção de fatores.

Sinaleiros luminosos e sonoros instalados nos pontos estratégicos da vias públicas circundantes serão automaticamente acionados pela Central de Monitoramento alentando a população e, principalmente, os motoristas para que não ultrapassem aquela linha pois a partir dali poderão ocorrer enchentes em níveis catastróficos e ele poderá perder o veículo e a carga transportada.

Os órgãos dos Governos (PM, CET, etc.) serão imediatamente notificados e as entidades comunitárias (igreja, sociedade amigos, associação de moradores, líderes comunitários) serão todas acionadas para que "saiam às ruas" para orientar os moradores quanto às providências adequadas que devem ser tomadas.  

Assim, enquanto a solução definitiva não vem, é possível se evitar os costumeiros prejuízos materiais (e às vezes até os humanos) que atormentam aquela sofrida população. 

 

4 - RESULTADOS

A implantação deste plano abre uma importante porta para a participação das empresas, indústrias e população abrangida, não ficando, a responsabilidade, apenas com os governos.

A atuação integrada de toda a comunidade evitará, com certeza, os grandes prejuízos causados principalmente pelas grandes enchentes. A essência do Projeto não é “eliminar totalmente” as enchentes mas “estar preparados” mesmo para as enchentes catastróficas.

Dessa forma, mesmo que elas venham a ocorrer, os prejuízos materiais poderão ser minimizados e mesmo completamente eliminados.

 

Assim, enquanto a solução definitiva não vem, é possível se evitar os costumeiros prejuízos materiais (e às vezes até os humanos) que atormentam aquela sofrida população.

 

São Paulo, 28 de fevereiro de 2002

Roberto Massaru Watanabe

Engenheiro Civi

 

 

 

Este PLANO já foi apresentado nas seguintes entidades e meios de comunicação:

1 - A Gazeta do Tatuapé, edição de 21 de abril de 2002;

2 - UNICID - Encontro de Empresas da Zona Leste em 16 de maio de 2002.

3 - A Gazeta do Tatuapé (plano completo) na edição de 26 de maio de 2002.

4 - Foi apresentado em reunião do Rotary Club de São Paulo - Vila Carrão em 24/09/2002.

5 - Programa da Rede TV, Olga Bongiovani no dia 13 de janeiro de 2005 das 8:00 às 9:00 horas.

 

Quem é Roberto Massaru Watanabe

Engenheiro Civil formado na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, turma de 1972

Trabalhos nas grandes obras hidráulicas da engenharia nacional como estudo do Vertedouro da Barragem de Ilha Solteira (1972), desvio do Rio Tocantins (1981) para a construção da Usina Hidroelétrica de Tucuruí.

Especializou-se em Fluviologia (estudo das vazões em canais, córrego e rios).

Especializou-se em Pluviologia (estudo das precipitações, chuvas e tempestades).

Participou do primeiro modelo matemático de simulação estocástica da bacia do Alto do Tietê, em 1969.

Como morador do Tatuapé, acompanha os trabalhos e projetos governamentais para eliminação das cheias do Rio Aricanduva.

 ANEXO: Veja um mapa completo de toda a bacia de contribuição do Rio Aricanduva com todos os seus afluentes.

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