O Mexilhão Dourado é uma praga que invadiu os rios, lagos e represas da região Sul e Sudeste do Brasil e está infestando peças de ferro como canos, bombas, válvulas e grades onde eles se fixam formando colônias e com sua grande velocidade de proliferação aliada à ausência de predadores, chega a entupir as peças das estações de tratamento de água.
Não há como desentupir e as peças precisam descartadas e serem subsituídas e para evitar a re-infestação deve-se usar peças de PVA onde o mexilhão dourado não consegue se fixar.
O ENGENHEIRO Roberto Massaru Watanabe COLETANDO
AMOSTRAS DE ÁGUA DA LAGOA DOS PATOS.

Você já ouviu falar do Mexilhão Dourado? Sabe o que é? Que tipo de prejuízo ele causa?

O engenheiro Roberto Massaru Watanabe tomou contato com esta praga quando visitou a Usina Ilha Solteira em outubro de 2006 .

Trata-se de uma praga, um molusco que tem a características de uma rapidíssima proliferação, que adora incrustar-se em partes de ferro como canos, válvulas, grades, comportas e que não encontra predador nas águas brasileiras. Como resultado, o mexilhão dourado consegue incrustar-se no interior de canos de ferro, mesmo que haja forte corrente de água. A baba que ele usa para se grudar na parede do tubo é mais forte que a cola Superbonder. Com o passar do tempo, forma-se uma colônia que aumenta muito rapidamente o número de indivíduos, chegando a ocupar toda a superfície interna do tubo.

O Mexilhão Dourado se instala em peças de ferro Sua proliferação é muito rápida Com o tempo a peça fica totalmente entupida

Não há como desentupir o tubo e a única solução é substituir o tubo por um novo e descartar aquele infestado. Para não ocorrer a reinfestação usa-se tubo de PVA onde o mexilhão dourado não consegue se fixar.

Além dos danos causados à rede de abastecimento de água, o mexilhão dourado tem dado muita dor de cabeça às Hidrelétricas como Itaipú e Ilha Solteira onde a invasão tem sido mais intensa. Veja fotos de grades tomadas pelo invasor.

PROBLEMAS ECOLÓGICOS:

O Mexilhão Dourado é um molusco, de nome científico Limnoperna fortunei, originário dos rios do sudeste asiático e que teria sido trazido como lastro nos navios graneleiros e descarregados no Rio da Prata na década de 90.

Rapidamente invadiu as águas doces da região, como a Lagoa dos Patos, o Rio Uruguai, Rio Paraná, Rio Paraguai, Rio Grande e Rio Paranaíba. Veja um desenho animado mostrando a invasão e as épocas em que isso se deu a triste constatação da sua chegada.

A foto abaixo mostra um mexilão criança e outro adulto. Chegam a ter 4 centímetros.

 

REPERCUSSÃO NA PISCICULTURA:

O Mexilhão Dourado se alimenta vorazmente de tudo que encontra na água. Concorrem, assim, diretamente com os outros pequenos organismos como camarões, carangueijos e as outras formas de moluscos. Não tendo o que comer, os camarões e carangueijos acabam sumindo. Alteram, dessa forma, a cadeira trófica eliminando as espécies nativas.

Os peixes grandes também acabam morrendo de fome pois não encontram camarões e outros animais pequenos, base de sua alimentação.

A pesquisadora Marcela Uliano andou pesquisando e descobriu que várias espécies de peixes, como o Armado estão morrendo intoxicado por injerir o mexilhão, Veja um caso em que o intestino do peixe estava repleto de mexilhão dourado.

Veja o caso de uma Piapara capturada em Itaquirai-MS em 22/07/2011 com o intestino recheado de mexilhão dourado.

A água utilizada diretamente desses rios podem conter larvas desse invasor. Água para animais, galinhas, gado, porcos. A água de irrigação deposita as larvas nas folhas e podem contaminar animais que se alimentam dessas folhas.

O QUE SE TEM FEITO:

Não há como controlar e nem mesmo impedir o avanço desta invasão. As tentativas que coseguem reduzir um pouco a proliferação é o emprego de cloro. Mesmo com doses menores do que se usa no tratamento da água de abastecimento público o controle é razoavelmente eficiente.

Veja uma entrevista com a pesquisadora Marcia Divina de Oliveira

As concessionárias de energia elétrica como Furnas, CEEE, Copel, Cesp, Cemig e também as de água como a CORSAN estão desenvolvendo pesquisas.

Falta divulgar melhor para orientar a população sobre as dificuldades para se combater esta terrível praga.

O que não pode é tomar iniciativa como a que assisti no Jornal Nacional do dia 30 em que a Justiça, cega ao fato de que as concessionárias vem pesquisando o assunto há muitas décadas, determinar que as concessionárias de geração de energia elétrica, que nem tem vocação para o tema, junto com o IBAMA apresentem um plano de controle da invasão do mexilhão dourado. Agora que o bicho já entrou aqui?

Essas iniciativas tem acontecido desde há muito como o que foi feito no Rio Grande do Sul em 14/07/2006. Veja bem 2006:

 

Mais detalhes em Ação Civil Pública N0 2006.71.00.021446-8/RS.

ESFORÇO COLETIVO:

O momento é muito delicado e se faz necessária a somatória de esforços para encontrar um solução antes que os canos da rede de abastecimento de água das cidades desta região afetada (sul e sudeste brasileiro) fiquem totalmente entupidos, obrigando ao desembolso de centenas de bilhões de reais para a substituição de todos os dutos, conexões, bombas e válvulas. As prefeituras que administram o tratamento e distribuição de água por conta própria ou por meio de empresa municipal terão grande dificuldade de combater a praga pois a única solução, pelo menos por enquanto, é substituição integral de todo o sistema que, em geral, é composto de peças metálicas de ferro.

A Constituição Federal estabelece no artigo 23-VI: "é da competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios ... proteger o meio ambiente e com bater a polução em qualquer de suas formas". Esclarece-se que a invasão de ecossistemas por uma espécie exótica é também poluição.

Urge que os institutos de pesquisas biológicas, as universidades e as entidades de fomento à pesquisa científica concentrem esforços juntando as centenas de pesquisas que estão sento realizadas, de maneira isolada, em torno de um projeto único.

Os Rotarys Clubs da região atendida pelo Rio Paraiba do Sul, ameaçado pela interligação das bacias hidrográficas foram alertados em seminário realizado em Porto Real em 9 de abril de 2016. Veja mais detalhes em .

ESTAMOS NOS MEXENDO:

Face à gravidade do problema, diversas entidades estão se mexendo para encontrar uma solução.

Veja a iniciativa da Universidade Federal do Rio de Janeiro:

EVITAR A DISSEMINAÇÃO:

Ainda temos, no Brasil, bacias hidrográficas que não foram contaminadas com esta terrível praga. Então devemos tomar certas providências para evitar a disseminação e a contaminação dessas bacias.

Quem pode ajudar a disseminação?

PESCADORES AMADORES: Que possuem barcos próprios e levam seus barcos de um rio para outro. Seria interessante que os barcos sofressem uma desinfecção ao serem retirados da água antes do transporte para outro local.

PISCICULTORES: Hoje muito comum a piscicultura (em destaque a tilápia) a água utilizada no transporte de alevinos podem conter óvos do Mexilhão Dourado e por isso precisam ser tratados. Os próprios alevinos podem carregar ovos desses predadores no trato digestivo ou na pele.

O Mexilhão Dourado forma colônias em qualquer lugar. Veja pneus e até carros quando submersos podem acolher colônias do Limnoperna fortunei.

 

\RMW\MexilhaoDourado\MexilhaoDourado.htm em 02/08/2014, atualizado em 16/12/2022 .

    RMW-9401-19/04/2024