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RECURSOS HÍDRICOS NO BRASIL

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SEGURANÇA DE BARRAGENS

Tópicos principais da palestra proferida pelo engenheiro Roberto Massaru Watanabe no Seminário Distrital sobre os Recursos Hídricos do Vale do Rio Paraiba do Sul sob o título SEGURANÇA DE BARRAGENS, promovido pelo Distrito 4600 do Rotary Inetrnational.

Trata-se de uma orientação técnica, prestada por engenheiro civil habilitado, para membros dos Rotarys Clubs de municípios banhados pelo Rio Paraíba do Sul durante Seminário Distrital de Recursos Hídricos e Saneamento realizada no dia 9 de abril de 2016 nas dependência do Colégio Estadual República Italiana localizado no município de Porto Real à avenida Dom Pedro II número 753, está anotada no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia sob no 92221220160345516 conforme determina da Lei Federal no 6.496 de 7 de dezembro de 1977.

Qualquer discussão que envolva a água deve ser desenvolvida com cautela pois a água tem comportamento que foge à lógica humana, conforme dizia Leonardo da Vinci:

  Se tiveres que tratar com água, consulta primeiro a experiência e depois a razão.

Quando estudamos a BARRAGEM encontramos conceitos que nos levam a conclusões equivocadas do ponto de vista prático:

PRIMEIRO EQUÍVOCO: A barragem precisa ser totalmente estanque!

Trata-se de um conceito importado dos DIQUES, tão comuns na Holanda, onde 2/3 do território foi conquistado do mar e precisa ser protegido contra inundações. Há até uma lenda que conta que um menino, ao descobrir um pequeno furo no dique, colocou a mão para segurar o vazamento enquanto chamava por socorro, porém, no princípio da noite já escuro, niguém ouviu seus chamados e pela manhã, um trabalhador ouvindo choros descobriu o garoto, quase desfalecido, com o braço todo enfiado no buraco ainda impedindo a inundação. O menino Peter virou heroi nacional.

O conceito é equivocado pois no Brasil não é possível bloquear totalmente a vazão de um rio, tendo até uma lei, já antiga, o Código das Águas que determina que as populações que ficam entre a barragem e a foz do rio necessitam de uma quantidade mínima de água capaz de garantir a qualidade de vida da fauna, da flora e da população e para isso define:

Vazão Ecológica que é a menor vazão possível para manter o equilíbrio ecológico do rio e do seu entorno respeitando a fauna e a flora.

Vazão Mínima que é a soma das necessidades das populações à jusante para atender ao seu saneamento básico.

E é até se aproveitando desse código que foi desenvolvido o conceito de Barragem de Terra, que como todos sabem a terra não é um material impermeável e porisso mesmo não serveria para a construção de barragem. Entretanto, com grande criatividade foram desenvolvidos e aperfeiçoados Filtros Invertidos, dispositivos hidráulicos capaz de impedir o carriamento de partículas e ainda garantir a vazão de jusante.

SEGUNDO EQUÍVOCO:Alguns chamam de MOINHO mas ele não moi nada. Trata-se de uma bomba d'água que movido pela energia EÓLICA (força do vento) fica bombeando, o tempo todo, a água do território holandez, mais baixo que o mar, para o Oceano Atlântico.

TERCEIRO EQUÍVOCO: A TULIPA é tida como o símbolo da Holando e alguns pensam que a escolha foi feita pela beleza da flor. Entretanto, há uma razão científica para esta escolha. As terras conquistadas ao mar eram salgadas. Tão salgadas que nada nasce nela. Então é necessário fazer a dessalinização da terra, processo que é muito caro para retirar o sal da terra. Então se descobriu que a tulipa, além de fazer a fixação do Nitrogênio na terra retira o sal tornando a terra boa para a agricultura.

QUARTO EQUIÍVOCO: Toda e qualquer obra de engenharia precisa ser apoiada por uma FUNDAÇÃO resistente e bem dimensionada. Até os antigos egípcios sabiam dissso e é por isso que algumas pirâmides que começam com a intenção de grande altura tiveram que ter a altura reduzida por que descobriram, durante a construção que o solo não aguentaria o peso todo.

Os italianos também descobriram a fragilidade do solo onde estavam construindo uma grande torre:

É comum esquecermos das fundações pois trata-se de um componente que não é visível pois fica dentro da terra. Até brinquedos ditos "pedagógicos" se esquecem das fundações e nossas crianças crescem pensando que um dia irão construir suas casas e desde cedo são levadas a não considerar as fundações:

O pior é quando "gente grande" esquece das fundações e acham que uma barragem pode ser alteada muitas e muitas vezes sem que as fundações que "mal-e-mal" suportava aquela barragenzinha inicial tenha que receber algum "reforço" para passar a suportar, com segurança, os novos alteamentos que são, na verdade, novas barragens muitas vezes maior que a anterior.

Se você tem uma barragenzinha que não dá mais conta de armazenar os rejeitos e precisa aumentar a capacidade do reservatório para armazenar mais rejeitos, precisa sim construir uma nova barragem com fundação totalmente nova e calculada para suportar, por centenas de anos, até tremores de terra e chuvas decamilenares pois uma barragem deve ser totalmente segura pois seu rompimento será sempre catastrófico.

QUINTO EQUÍVOCO: No Brasil temos uma infinidade de "autoridades" umas querendo mandar mais que as outras. Temos Secretarias, Conselho e Autarquias do Ministério do Meio Ambiente todas com poderes extraordinários para ditar regras sobre o uso das águas, mais ainda Secretarias, Conselhos e Autarquias do Ministério de Minas e Energia também com poderes extraordinários sobre as águas e não para aí: mais órgãos governamentais no Ministério dos Transportes (navegação), Ministério da Agricultura (irrigação), Ministério da Pesca e por aí vai.

O pior é que os postos chaves desses órgãos são sempre ocupados por pessoa sem a qualificação técnica necessária oriundas da coligação partidária que varia muito de estado para estado e também de município para município.

SEXTO EQUÍVOCO: Em vez de "naõ poluir" como fazem os países de primeiro mundo, a nossa regra parece ser a de "pode poluir à vontade" que o governo tratará de "despoluir" o rio. Até parece que existe o verbo "despoluir".

Veja poluição 24 horas: De dia:

e também de noite:

Na televisão assistimos, diariamente, o lançamento de dezenas de produtos químicos que jogados na pias, tanques e ralos vão promover a poluição dos rios:

e também descobrem novos usos:

SÉTIMO EQUÍVOCO: Devemos entender como Zona de Proteção de Manancial não apenas a nascente mais distante do rio:

Não basta colocar uma placa "AQUI NASCE O ... ":

pois todo rio possui milhares de nascentes ao longo de todo o seu trajedo, desde a nascente mais distante até a sua foz:

OITAVO EQUÍVOCO: Ás áreas baixas são áreas que devem ser ocupadas por habitações e usos populares?

Parece que é uma tendência dos governos em querer "ser o primeiro" a ocupar uma área de várzea frequentemente inundada pelas chuvas. Veja um caso típico de "ocupação" governamental numa região conhecida Jardim Pantanal pois fica quase que permanentemente cheia de água. Na invasão do brejo, os governos saem na frente:

Casas populares são construídas na área alagável:

Escolas são construídas na área alagável:

NONO EQUÍVOCO: A água necessária para as necessidades humanas vão muito além do que determina o Sanemento Básico. Nâo basta ter água para beber e cozinhar. Numa cidade como São Paulo o maior volume de água é necessário para preparar a comida nos milhares de restaurantes, bares e restaurantes e também para manter a higiene lavando pratos e panelas e lavando o chão das áres de preparo dos alimentos. Mas não só de restaurantes vive o Rio de Janeiro, por exemplo. Centenas de hotéis, que trazem muitos turistas do munto inteiro para deixar seus ricos dinheirinhos, precisam lavar toneladas e mais toneladas de roupa de cama.

A grande indústria de preparo de alimentos, não só enlatados como também massas, carnes e vegetais frescos precisa de muitos milhares de litros de água limpa. Tem também os hospitais, escolas, creches, todos usam muita água.

Então, ficar usando como base, alegando que a OMS e a ONU recomendam a demanda de apenas 150 litros por habitante por dia é demonstrar sua primitiva ignorância. No ceará encontramos médias de 128 litros por habitante por dia enquanto que no Rio de Janeiro a média alcança 253 litros por habitante por dia. Cidades em regiões frias como Foundland no Canadá demandam 561 litros por habitantes por dia.

Veja uma tabela que mostra a quantidade mínima de água, medida em metros cúbicos por segundo em função do tamanho da cidade:

DEMANDA DE ÁGUA POTÁVEL POR ABASTECIMENTO PÚBLICO - m³/seg

CATEGORIA DE USO

DEMANDA PER CAPITA

POPULAÇÃO - Número de Habitantes

1.000

500.000

1.000.000

15.000.000

20.000.000

25.000.000

DEPENDE DA CULTURA e HÁBITOS. Hábitos saudáveis implicam em maior uso

Beber e Comer

110

 0,001

  0,58

1

9

23

29

Consumo Básico

150

 0,002

  1,16

2

17

46

58

Algomerado Urbano

200

 0,003

  1,55

3

23

62

77

Metrópoles

600

 0,009

  4,64

9

70

186

232

Grandes Metrópoles

800

 0,012

  6,19

12

93

247

309

Cidades Turísticas I

1000

 0,015

  7,73

15

116

309

387

Cidades Turísticas II

1200

 0,019

  9,28

19

139

371

464

DÉCIMO EQUÍVOCO: Não basta, a água, ter potabilidade - precisa sim ter salubridade.

A água é boa quando provém de fontes saudáveis ricas em flora e fauna.

O equilíbrio ecológico de um ambiente aquático precisa ser mantido e protegido. É por isso que quando a engenharia projeta uma captação de água para a demanda humana, preserva o recurso hídrico construindo a tomada de água num lugar bem alto suficiente para evitar que mais água seja retirada além da capacidade de recuperação do bioma daquele recurso. É por isso que a engenharia chama de "volume morto" que é a quantidade mínima necessária para preservar a vida aquática de plantas e animais naquele recurso hídrico, seja rio, lago ou represa.


A VERDADEIRA AMEAÇA PARA O FUTURO DO RIO PARAIBA DO SUL

Todos esses fatos acima apresentados não chegam a ser preocupante frente à verdadeira ameça que paira sobre os recursos hídricos de todo o Vale do Paraíba. Trata-se da invasão do mexilhão dourado:

Trazido como lastro de navios graneleiros e largados no estuário do Prata, o mexilhão dourado vem subindo e infestando todos os rios a partir do Rio Paraná causando muitos prejuízos. Veja uma grade da Usina de Itaipú totalmente tomada por esse terrível molusco:

o "único" dano que o mexilhão dourado causa é o total entupimento das tubulações de ferro da rede de abastecimento de água das cidades:

Imaginem São José dos Campos, Resende, Volta Redonda e todas as cidades que dependem da água do Rio Paraíba do Sul, inclusive a cidade do Rio de Janeiro, terem suas redes de abastecimento público de água totalmente entupidos pelo mexilhão dourado.

A salvação são das redes que não são de ferrro, isto é, as redes de usam tubos, conexões, válvulas e bombas totalmente de plástico.

O outro dano é que o mexilhão dourato extermina todos os animais pequenos, base da cadeia alimentar do rio, acabando com os camarões, carangueijos, fito-planctos e os zoo-planctos. Os peixes, não tendo o que comer tentam sobreviver comendo os mexilhões dourados. Veja pesquisa levada a cabo nos rios já infestados onde um peixe de grande porte tinha mexilhões no seu intestino:

Já existem muitas ações, principalmente na Justiça, que "obrigam" as empresas, entidades e órgãos governamentais a "acabar" com esse mal.

FELIZMENTE, a bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul não tem ligação com a infestada bacia hidrográfica do rio Paraná e todos os moradores das cidades banhadas pelo rio Paraíba do Sul podem dormir tranquilos pois não há riscos de contaminação pelo terrível e imbatível Mexilhão Dourado, por enquanto.

\RMW\recursoshidricos\RioParaibaDoSul.htm em 10/09/2016, atualizado em 10/09/2016.