AS PARTES DE UMA BICICLETA

Vejas as partes principais de uma bicicleta, suas dimensões e como conciliar o biótipo de cada pessoa, relacionando as proporções do corpo (comprimento do fêmur, do braço, etc.) e as suas consequencias nos músculos:

A diferença entre uma bicicleta comum, usada para deslocamentos e as bicicletas de corrida, de mountain bike, de acrobacias e outras reside na inclinação do garfo, no tamanho do caster, na inclinação do quadro e outros detalhes, como veremos.

Veja alguns efeitos da variação de certas medidas da bicicleta:

Numa bicicleta comum, que também chamamos de passeio, o andar deve ser o mais confortável possível.

O Caster e a Inclinação do Garfo determinam a "estabilidade" da bicicleta, isto é, quanto maior mais "estável" e, portanto, mais difícil de cair, a bicicleta "anda sozinha" e o ciclista pode até andar deixando o guidão solto, "dirigindo" a bicicleta com leves inclinações do corpo para um lado ou outro em função da direção que deseja seguir.

Em situações de "passeio" ou "compras" ou "ir à escola", em que a bicicleta é usada "apenas" para o deslocamento da pessoa, situações que não requerem "muita atenção" nem exigir esforço muscular.

Também em viagens longas, bem confortáveis, onde se pode admirar tranquilamnte as belas paisagens, a bicileta com garfo acentuado e caster elevado oferece mais segurança:

Em compensação, a bicicleta com grande inclinação do garfo ou com caster exagerado, são mais "duras", demoram para responder e não são muito boas em situações que requerem manobras rápidas.

BICICLETA SEM CASTER: 

Na prática do Mountain Bike, é importante a facilidade que a bicicleta oferece de fazer curvas com rapidez. O guidão deve ser leve e responder rapidamente. Então o caster deve ser o mais curto possível e até ser totalmente eliminado. A foto mostra uma bicicleta incrementada que possui amortecedores no garfo para absorver os impactos do terreno irregular.

Na prática de malabarismo e demonstrações de rua (freestyler, street rider, etc.), a inclinação do garfo dificulta as manobras. Então a inclinação do garfo e o caster são eliminados. Este tipo de bicicleta não oferece nenhuma facilidade, exigindo muito das habilidades do ciclista:

O Recuo do Selim deve ser proporcional ao tamanho do fêmur do ciclista pois define a posição do corpo do ciclista sobre os pedais.

Depende também do ângulo de inclinação do Tubo do Selim que, em geral, é de 73 graus.

Bicicletas para Prova de Triathlon tem ângulos mais elevados, tipo 75 graus. Algumas chegam a ter regulagem e permitem fixar entre 74 e 78. No triathlon é importante economizar os músculos das pernas na etapa bicicleta para poder ter um bom desempenho na etapa a pé.

Nas provas do tipo Contra-Relógio, a ponta do selim não pdoe ficar a menos 5 centímetros de recuo em relação àlinha do eixo central. Já no triathlon essa restrição não existe e os atletas preferem o selim em posição mais avançada.

Bicicletas para Downhill (descidas de encostas) têm ângulo bem baixo, com cerca de 60 graus, para que o peso do ciclista se desloque para trás o que permite descidas mais equilibradas mesmo em velocidades altas.

Queda do Movimento Central.

Alguns velódromos, como o Velódromo de Manchester, determinam uma altura mínima de 28 centímetros de Queda do Movimento Central. Medida A-P.

Tamanho do Corpo.

Antigamente se associava o tamanho da roda (que chamamos de ARO) à altura do ciclista, isto é, quanto mais alto o ciclista maior era o aro da roda. O tempo demonstrou que a escolha da bicicleta certa deveria ser levada em consideração muitas outras dimensões e proporções do corpo humano.

As pessoas têm biótipos diferentes, uns tem mais corpo e braços mais curtos e outros tem pernas longas. Leonardo da Vinci foi um dos estudou detalhadamente estas proporções. Seu quadro famoso, o Homem de Vetrúvio, mostra a preocupação de Da Vinci com esta questão:

 

Algumas pessoas tem, proporcionalmente, braços e permas mais longas com um corpo curto, outras tronco longo e pernas curtas, etc.

Para a escolha do tipo de bicicleta ideal, devemos levar em consideração as medidas e proporções das seguintes do corpo humano:

 

O tamanho do Cavalo, do Fêmur, do Tronco e do Braço determinam a altura do Selim a distância e a altura do Guidão e outras medidas da bicicleta. O ideal é consultar um profissional do corpo como um Antropologista ou um Fisioterapeuta ou um Fisiologista para a correta medida das partes do seu corpo.

Então ficou demonstrado que o Tamanho do Fêmur é que está relacionado com o tamanho do Quadro da bicicleta, enquanto que o tamanho da roda está mais relacionado com o tipo de terreno, isto é, terrenos irregulares, de terra e com muitos buracos requerem rodas grandes que têm a facilidade de transpor os obstáculos.

Uma das formas de se descobrir qual é a bicicleta certa para o seu biotipo é pela Medida do Cavalo, que é a distância entre o pé e o encontro das pernas.

Veja uma tabela:

MEDIDA DO CAVALO
(centímetros)
Tamanho do Quadro da Bicicleta
(centímetros)
MEDIDA DO
CAVALO
BICICLETA DE PASSEIO BICICLETA PARA
MOUNTAIN BIKE
50 32,50 14,4
55 35,75 19,4
60 39,00 24,4
65 42,25 29,4
70 45,50 34,4
75 48,75 39,4
80 52,00 44,4
85 55,25 49,4
90 58,50 54,4

Ao adquirir uma bicicleta é muito importante escolher a bicicleta com o Quadro Certo pois o tamanho do quadro é, em geral, fixo e não dá para regular, isto é, as dimensões e ângulos já vêm de fábrica e não é possível modificar.

Embora o quadro seja rígido na maioria das bicicletas, outras partes têm a sua medida regulável.

A correta regulagem das partes da bicicleta é importantíssima para que o andar seja realizado de forma bem confortável e com o menor esforço dispendido.

Encontramos muitos sites na internet e também vídeos no Youtube de renomados professores de educação física que mostram como regular os diversos dispositivos reguláveis como o Selim e o Guidão.

Resumindo as dicas principais:

1 - Cicilistas em meio urbano são obrigados a realizar muitas paradas. Um selim muito alto é desconfortável e pode apresentar dificuldades.

A altura do Selim é determinado, ficando de pé ao lado da bicicleta e sentindo a crista do ilíaco. É, mais ou menos, a altura em que vai ficar o selim. Felizmente, grande parte das bicicletas oferecem regulagem da altura do selim.

Escolher uma bicicleta em que na regulagem mais baixa do selim o mesmo não fique mais baixo que a altura do cavalo e na regulagem mais alta não fique mais alto que a altura da crista do osso ilíaco (aque que você sente ao apertar a lateral da cintura).

Outro critério e determinar a distância do selim ao eixo em função da altura do cavalo:

MEDIDA DO CAVALO
(centímetros)
Tamanho do Quadro da Bicicleta
(centímetros)
MEDIDA DO
CAVALO
TAMANHO DO QUADRO DISTÂNCIA DO SELIM ATÉ O EIXO CENTRAL DE COMANDO
50 32,50 44,3
55 35,75 48,7 
60 39,00 53,1 
65 42,25 57,5 
70 45,50 62,0 
75 48,75 66,4 
80 52,00 70,8 
85 55,25 75,2 
90 58,50 79,7 

A tabela acima foi calculada com base na recomendação de Hinault de usar a constante 0,885 e diz que é a mais alta altura aceitável de um selim e que conjuga a força com a facilidade de movimento.

Para os novatos, recomenda-se adotar uma altura mais baixa e ir elevando pouco a pouco ao longo de vários meses para que os tendões e os músculos consigam ir adaptando progressivamente.

Pequini também chegou aos mesmos valores durante pesquisa desenvolvida em 2005.

Pessoas com cavalo iguais podem apresentar proporções entre femur e pernas diferentes. Holmes sugere que na posição mais baixa do pedal a perna não fique totalmente reta mas mantenha um ângulo entre 25 e 30 graus. Diz ainda que esta posição permite descompressão evitando danos na parte anterior do joelho.

Por fim, lembre-se que Selim Alto força a região Lombar e Selim Baixo força as articulações do Joelho.

 

2 - Monte na bicicleta e dê umas pedaladas. Na parte mais baixa do pedal, a perna não pode ficar totalmente esticada mas sim levemente flexionada para que a perna consiga absorver bem os trancos do terreno irregular transmitidos pelo pedal. Dê o aperto final na altura do selim.

3 - Avanço do Selim e do Pedal. O Selim deve ficar numa certa posição em relação ao Pedal. Com o Selim muito atrasado não é possível imprimir muito esforço no pedal. Com o Selim muito adiantado, força-se os músculos da perna. Bom para exercício mas ruim para passear. A posição correta é olhando para o joelho você deve enxergar a ponto do joelho alinhado com o eixo do pedal.

4 - Posição do Guidão. Encostando o cotovelo no bico do selim e mantendo os dedos esticados, ver a posição da ponta do dedo médio, acrescente 2 dedos. É onde deve ficar o alinhamento do guidão.

Gidão Alto é mais confortável. O corpo fica mais ereto e é bom para soltar o guidão. Havendo grande inclinação do garfo e caster elevado, o andar é estável e bastante confortável.

Guidão Avançado. É uma posição que pega menos vento e, portanto, com menor resistência. Entretanto força mais os discos vertebrais.

Guidão Baixo. Posição que toma menos vento. Em competições é importante ter menos resistência ao avanço. É uma posição que força bastante os discos vertebrais e também os músculos do pescoço.

5 - Comprimento da Pedivela. Alguns especialistas recomendam um comprimento de Pedivela = 0,20 Cavalo. Pedivelas curvas facilitam a velocidade e pedivelas longas permitem imprimir mais força no pedal.

6 - Há ainda outros fatores como o tamanho do aro das rodas, o tipo de pneu.

7 - Monte na bicicleta e segure firme nos manetes do guidão. Seu corpo deve ficar confortável, sem apoiar o peso do corpo sobre os braços. Os braços não podem ficar totalmente esticados mas dim levemente flexionados para que consiga absorver bem os trancos do terreno irregular transmitidos pelo guidão.

Veja os esquemas de uma posição confortável junto com outras de selim baixo, guidão distante e pedal afastado:

As diversas posições irão forçar músculos específicos do seu corpo.

 

Bom mesmo seria se você pudesse consultar um especialista e fazer um Bikefit, que é um conjunto de medidas tomadas por um profissional.

Tabela resumo das implicações no corpo humano das diversas regulagens em uma bicicleta:

COMPONENTE CONFLITO RESULTADO
Pedais Taquinho muito Atrasado Baixa portência de pedalada.
Sobrecarga dos músculos motores.
Taquinho muito Avançado Dormência dos pés e formigamento nas plantas.
Dor nos dedos.
Calcanhares Separados dor no joelho (patela)
Calcanhares Juntos Dor no joelho (patela).
Sobrecarga dos quadriceps e paturrilhas.
Selim Muito Alto Tensão em excesso dos tendões posteriores do joelho.
Dor lombar.
Muito Baixo Fadiga dos músculos motores.
Dor na coluna.
Ponta Elevada Prostatite e dificuldade em urinar.
Ponta Caída Dor nos ossos pélvicos de apoio.
Muito para Trás Prejudica a agilidade na pedalada.
Muito para Frente Prejudica a escalada nas montanhas.
Guidão Muito Baixo Sobrecarga dos trapézios e coluna.
Dor e dormência nas mãos.
Muito Alto Sobrecarga da região lombar.
Dor nos cotovelos e antebraços.
Atraso do Selim Longa distância entre o guidão e o selim Sobrecarga em toda a coluna.
Dor nos cotovelos e antebraços.
Avanço do Selim Curta distância entre o guidão e o selim Pouca biomecânica na pedalada.
Baixa Potência.

Ref.: http://tiagocassiano.blogspot.com.br/2010/10/bike-fit-ergonomia-do-ciclista.html

Outro bom estudo que aprofunda no tema é o trabalho apresentado por MARIÑO, Suzi da Universidade da Bahia com MORAES,Anamaria da PUC do Rio de Janeiro e PEQUINI, Paolo da UNEB. Baixe o PDF em http://blogs.anhembi.br/congressodesign/anais/artigos/69850.pdf

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ET-12\RMW\trafegando\partes.htm em 087/08/2013, atualizado em 13/12/2014 .