CONTENÇÃO DE TALUDES

 

POR QUE OCORREM DESASTRES COM TALUDES EM DIAS DE CHUVA?

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1- APRESENTAÇÃO:

Barranco, Encosta, Morro, Talude, Montanha são conformações geológicas do terreno que diferem pela formação e constituição e que, por isso mesmo, apresentam reações próprias quando submetidos às intempéries. Chamaremos todos de TALUDES e procuraremos mostrar aos estudantes e também aos leigos quais são as formas em que ocorrem os desastres e como esses desastres podem ser evitados.

Chamamos de TALUDES e compreendem os barrancos, as encostas, os morros, as montanhas e todo e qualquer solo que tenha uma inclinação maior que 30% e que são ocupadas por habitações. O número 30 vem da Lei Federal n0 6.766 de 19 de dezembro de 1979 que ressalta que não será permitido o parcelamento do solo em terrenos com declividade igual ou superior a 30% (trinta por cento). Veja o artigo 3º:

Lei Federal n0 6.766 de 19 de dezembro de 1979:

Art. 3o Somente será admitido o parcelamento do solo para fins urbanos em zonas urbanas, de expansão urbana ou de urbanização específica, assim definidas pelo plano diretor ou aprovadas por lei municipal.

Parágrafo único - Não será permitido o parcelamento do solo:

I - em terrenos alagadiços e sujeitos a inundações, antes de tomadas as providências para assegurar o escoamento das águas;

Il - em terrenos que tenham sido aterrados com material nocivo à saúde pública, sem que sejam previamente saneados;

III - em terrenos com declividade igual ou superior a 30% (trinta por cento), salvo se atendidas exigências específicas das autoridades competentes;

IV - em terrenos onde as condições geológicas não aconselham a edificação;

V - em áreas de preservação ecológica ou naquelas onde a poluição impeça condições sanitárias suportáveis, até a sua correção.

Observem o determina o inciso III: "Não será permitido o parcelamento do solo em terrenos com declividade igual ou superior a 30% (trinta por cento)".  Veja na sequência abaixo a diferença de inclinação ou declividade para os casos de 10%, 20% e 30% para vocês terem uma sensação de quanto é esse 30%:

Mas a lei dá uma abertura dizendo: "salvo se atendidas exigências específicas das autoridades competentes". O que significa isso?

Significa que, no caso de declividade maior que 30% há necessidade de se construir OBRAS de contenção de aterrro ou de arrimo de cortes e que tais OBRAS devem ser executadas obrigatoriamente pelo poder público, isto é, a Prefeitura que, pela Constituição Federal, é responsável pelo Uso e Ocupação de lotes de terreno em meio urbano.

2- AUTOR DO SITE:

Em seu trabalho profissional, atuando como Engenheiro e como Perito, Roberto Massaru Watanabe, engenheiro formado pela USP-Politécnica-Turma 1972, participando de obras como o Sistema Cantareira de Abastecimento de Água para a Grande São Paulo, a Rodovia dos Imigrantes, a Barragem de Terra da Usina de Ilha Solteira, a Usina de ITAIPU, Tucuruí, como Consultor Técnico em concessionárias como a SABESP e como professor de pós-gradução em Engenharia de Segurança na UNICAMP, adquiriu considerável experiência em obras de contenção de taludes e apresenta, principalmente para estudantes, algumas dicas sobre os fenômenos envolvidos na queda de taludes e que costumam causar muitos danos e até mortes em períodos de chuva.

Veja mais detalhes do trabalho do engenheiro em www.ebanataw.com.br/roberto/patologias/rmw.htm

3- INTRODUÇÃO:

De forma genérica podemos afirmar que "NÃO EXISTE TALUDE ESTÁVEL". Todo e qualquer talude um dia sofrerá uma queda - pode ser no próximo ano como pode ser daqui a 50 anos. A natureza procura sempre uma situação de equilíbrio e o equilíbrio mais estável é um plano horizontal, uma Terra que não tem montanhas, nem vales - tudo plano.

Taludes constituídos por materiais de baixa coesão terão queda em curto prazo enquanto que taludes constituídos por materiais de alta coesão terão queda a longo prazo e taludes constituidos por rochas terão queda a prazos ainda maiores.

A queda de um talude pode ocorrer por desbarrancamento, por escorregamento, por deslizamento, por deslisamento ou por solapamento. Embora causem efeitos destruidores semelhantes, são situações distintas, possuem causas diferentes e obras necessárias para evitar:

Vejamos, caso a caso, como ocorre a queda de cada um deles, exemplos de casos reais e também as obras que podem evitar novas ocorrências:


CASO Nº 1: QUEDA POR DESBARRANCAMENTO:

A queda do barranco por desbarracamento é causado pela perda de coesão do material.

Os materiais possuem uma propriedade chamada COESÃO que é uma força interna que mantém as partículas do material "coesas", isto é, grudadas uma nas outras. É a coesão que permite que a gente trabalhe com a argila para fazer vasos e utensílios.

Enquanto a argila tem uma coesão alta, o silte tem uma coesão menor e a areia quase não tem coesão.

Imaginemos um talude formado por uma argila de boa qualidade, isto é, uma argila com alta coesão.

As intempéries, isto é, a sucessão de períodos de chuva seguida de períodos de estiagem (sem chuva) faz com que a argila vá perdendo, gradualmente a sua coesão.

Como ocorre esta "perda da coesão"? Quimicamente falando, o que mantém as partículas de terra unidas é o Carbonato de Cálcio. As águas da chuva penetrando no terreno conseguem dissolver o carbonato pois ele é solúvel em água.

Com a perda da coesão, começam a se formar no solo trincas e rachaduras que vão aumentando com o tempo.

Chega um dia que a coesão se torna tão baixa que o talude já não consegue ficar de pé e então desbarranca. No desbarrancamento, as casas e árvores tombam para fora e vão rolando por cima das casas de baixo que ficam soterradas.

O desbarrancamento ocorre, geralmente, no dia de chuva pois a água da chuva penetra nas rachaduras acelerando o processo. Mas não há necessidade de estar chovendo para ocorrer um desbarrancamento. O solo já fragilizado pelas trincas pode romper por alguma trepidação no solo como a passagem de veículos pesados.

Você pode perceber que há risco de desbarrancamento observando o piso na parte de cima do talude pois surgem trincas no sentido logitudinal (paralelo) do talude.

Você pode diminuir o risco de desbarrancamento colocando lonas plásticas por sobre as trincas.

Este fenômeno de perda da coesão é muito comum e encontramos também em nossas casas. Você já reparou numas manchas brancas que se formam no piso e, às vezes, também nas paredes?

As manchas brancas são depósitos de Carbonato de Cálcio que "estava" no concreto da laje, do piso, do contrapiso, do emboço e que a água (pode ser da chuva ou pode ser da limpeza) que penetrou conseguiu dissolver e essa água, contendo o carbonato de cálcio dissolvido, foi sair num fresta, numa junta e ao sair ao "ar livre" a água evaporou e o carbonato de cálcio "precipitou", isto é, formou uma camada de difícil remoção. Este processo é denominado LIXIVIAÇÃO.

ATENÇÃO! Se o carbonato "estava" no concreto segurando as partículas de areia significa que "não está mais" e, então, as partículas de areia não tem mais a coesão, isto é, não têm mais a força que as mantinham unidas. Cosequentemente, as pastilhas começam a se destacar, se soltar, e caem.  A água da chuva que nos meios urbanos é ácida acelera a velocidade da lixiviação. A água da limpeza e que se coloca produtos químicos como ácido clorídrico, sais de cloro e amoníaco também aumentam a velocidade da lixiviação.

Voltando aos casos dos Taludes, encontramos duas formações geológicas que merecem atenção:

TALUDES EM CÂNIONS:

Os cânions são vales profundos formados pelo desbarrancamento dos taludes que "caem" de forma gradativa e contínua ao longo de um tempo muito longo. O desbarrancamento ocorre por perda de coesão e esta perda é causada pela água da chuva que penetra verticalmente alterando as propriedades químicas do solo rochoso.

Um local turístico famoso são os cânions da Represa de Furnas em Minas Gerais, precisamente na localidade de Capitólio onde encontramos cânions muito bonitos formados por paredes rochosas verticais.

 

Aparentemente seguros pois são formados por ROCHAS DURAS, as águas da chuvas que penetram no solo rochoso vão dissolvendo de forma muito lenta porém contínua e parte do carbonato de cálcio dissolvido pela água se transforma em ácido carbônico que além da dissolução aquosa ajuda a corroer as partículas abaixo e assim vão abrindo caminhos verticais onde a ausência do carbonato produz fendas profundas.

Com o passar do tempo, o peso da parte destacada chega num ponto em que é maior que a fraca força de coesão que segura, ainda, o bloco e então o bloco cai. Não é possível se prever o dia da queda. Sabe-se que o bloco vai cair mas não se sabe quando. É assim que vem ocorrendo há milhares de anos e é assim que se formou o "belíssimo" cânion e é assim que vai continuar por outros milhares de anos.

CAVERNAS:

As cavernas são formações geológicas e sua formação pode ocorrer de várias maneiras sendo as mais comuns as seguintes:

CAVERNA FORMADA POR UM RIO SUBTERRÂNEO POR CARRIAMENTO DE PARTÍCULA SÓLIDA:

Ao penetrar no solo permeável, as águas da chuva encontram uma camada menos permeável e aí forma um rio, que chamamos de lençol freático. O nome freático é por que a água que corre para baixo do terreno encontra uma camada menos permeável ou até impermeável e aí ela é barrada, freada por esta camada.

As águas do rio subterrâneo, fluindo por sobre esta camada menos permeável vai erodindo o fundo e carriando (levando embora) as partículas que se soltam e assim, o rio vai ficando mais fundo. Diferentemente do caso que descrevemos abaixo, nas cavernas formadas pela erosão do rio subterrâneo não costuma ter estalactites no teto e uma das razões é que o solo não contém carbonatos.

CAVERNA FORMADA POR DESABAMENTO DO TETO:

Ao penetrar no solo permeável, as águas da chuva dissolvem o carbonato de cálcio e levam o carbonato dissolvido até encontrar ar livre que é o teto da caverna. É um processo de lixiviação, o mesmo que ocorre nas lajes de prédios como vimos na situação anterior. O carbonato de cálcio dissolvido na água precipita e forma bastonetes verticais, conhecidos como ESTALACTITES, que vão se alongando com o tempo. Até em tetos de garagem podemos encontrar estalactites.

 

O que não se percebe é que o solo que forma o teto da caverna, ao perder carbonato de cálcio perde a força de coesão que mantinha as partículas grudadas e que solidamente formava o teto da caverna e então desaba como casos que ocorreram.

São situações de difícil previsão e mesmo em casos "profissionais" como as "cavernas" ou seja tuneis de minas subterrâneas onde são instaladas GRAMPOS para segurar as camadas "mais soltas" com mais probabilidade de queda, estas podem ocorrer. Veja fotos da visita que o autor fez na mina subterrânea de carvão mineral em Criciuma.

AÇÕES PREVENTIVAS:

Existe uma lei federal, a de nº 12.608 de 10.04.2012, que cria a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil PNPDEC que substitui a anterior, a de nº 5.376 de 17/02/2005, que criava a Política Nacional de Defesa Civil - PNDEC. O que muidou? Apenas o acréscimo da palavra "PROTEÇÃO", dando a entender que o trabalho da Defesa Civil começa bem antes que um desastre aconteça, agindo construtivamente na criação de estruturas capazes de evitar a ocorrencia de desastres catastróficos.

A aplicação de tirantes protendidos conseguem "segurar" o desplacamento de partes de taludes verticais que encontramos nos cânions, taludes à beira de estradas e tetos de cavernas.

Infelizmente são sistemas "caros" pois são protegidos por Patentes Internacionais e o seu emprego deve ser feito mediante o pagamento de "royalties" muito caros para firmas estrangeiras.


CASO Nº 2: QUEDA POR ESCORREGAMENTO:

O nome já diz tudo: ESCORREGAMENTO. Como num escorregador de uma área de recreação, ocorre um escorregamento. As pessoas costumam usar o escorregador para recreação, podendo fazê-lo num aparelho construído para isso, o escorregador, ou num talude qualquer com inclinação e que ofereça uma superfície "escorregável", inclinada como grama, lama ou neve.

O toboágua é um escorregador onde se aplica água para facilitar o escorregamento, diminuindo o atrito do corpo com a superfície do escorregador. 

Em geologia o escorregamento em um talude pode ocorrer de várias maneiras, sendo as mais comuns o escorregamento sobre superfície impermeável do solo, quando a água que penetra no terreno encontra uma camada menos permeável e forma como que um rio subterrâneo ou pode encontrar uma rocha como nos morros formados por "bolhas magmáticas" que são revestidas, geralmente, por uma camada de argila onde costuma florecer uma densa floresta. As águas da chuva que  penetra neste solo encontra, alguns metros abaixo a rocha formando uma camada de baixa coesão, lama, que promove o escorregamento do bloco todo.

De qualquer forma, como resultado de um escorregamento encontramos um grande bloco de terra, às vezes misturado por pedaços de rocha que escorregou e foi parar lá em baixo:

Como a pressão de percolação é alta, a água vai carriando (carregando) as particulas finas da argila. Você sabe que este fenômeno está ocorrendo observando a água que sai no pé do talude. Se a água sai limpa é por que não está havendo carriamento. Se a água sai com cor de barro é por que está havendo carriamento de partículas de argila. No lugar em que estava a partícula, sobra então um vazio. Com a formação de vazios, as demais particulas se movimentam (fenômeno conhecido como adensamento, pois a argila vai ficar com menos vazios, isto é, mais densa) e esse movimento produz lama que propicia o escorregamento.

No escorregamento, as casas e árvores tombam para dentro do talude. A terra que escorregou vai parar na parte de baixo do talude que se levanta. Casas que estavam no pé do talude são levantadas.

Nem sempre a água responsável pela formação da lama é a água que está infiltrando nas proximidades do local do risco. Muitas vezes essa água pode estar infiltrando em locais bastante distante às vezes a quilômetros do local.

Então, locais em que está ocorrendo ou acabou de ocorrer um escorregamento pode sofrer um outro escorregamento mais para dentro. Nestes casos, a área a ser evacuada deve ser bastante ampla.

O escorregamento pode ocorrer depois que a chuva parou, até muitos dias depois. É que a água que vai formar a lama leva um tempo para infiltrar e chegar até o ponto em que vai formar a lama escorregadia.

Você pode diminuir o risco do escorregamento colocando pesos (sacos de areia) no pé do talude. Foi a solução adotada no talude da barragem da Represa de Guarapiranga que ameaçava escorregar, na década de 70.

AÇÕES PREVENTIVAS:

A aplicação de tirantes protendidos conseguem "segurar" o escorregamento de grandes blocos de partes de taludes .

Infelizmente são sistemas "caros" pois são protegidos por Patentes Internacionais e o seu emprego deve ser feito mediante o pagamento de "royalties" muito caros para firmas estrangeiras.


CASO Nº 3: QUEDA POR DESLISAMENTO:

Muito parecida com a Queda por Escorregamento, a Queda por Deslisamento (com S) acontece por processo diferente do Deslizamento (com Z) e sua ocorrência pode ser prevista e pode ser evitada.

Chuvas Intensas e Prolongadas encharcam o solo, cria-se um charco (daí o termo Encharcado) um lugar cheio de água e lama. Tecnicamente dizemos que o solo está SATURADO.

Na situação de "saturado" o solo, mesmo sendo bastante argiloso, isto é, aquele que tem bastante coesão e é grudento, fica quase sem coesão e seu comportamento é como água, não tem consistência, fica liso, escorrega muito e flui (escoa) formando corredeiras com muita lama. MUITA LAMA. Esta lama invade as casas, entra pela porta, entra pela janela e, com a força da enxurrada derruba paredes e enche a casa de lama, soterrando (ficando debaixo de terra) móveis, televisor, geladeira e, infelizmente, até pessoas.

É um verdadeiro DESASTRE, como tem acontecido a cada 9 anos. Mais adiante explico por que esses Desastres Catastróficos acontecem no Brasil como a da Região Serrana do Rio de Janeiro e os deslisamentos de São Sebastião a cada 9 anos. [1996, 2005, 2014, 2023, 2032, 2041, . . . ]

LOCAIS COM PREDISPOSIÇÃO PARA O DESLISAMENTO:

Bananeiras e outras plantas como as aráceas precisam de muita umidade para se desenvolver. Quando você vê um talude enorme com casas e pensa se é possível saber quais casas correm um risco maior de serem atingidas por um deslisamento do talude, basta ver onde há uma concentração dessas plantas. Se elas estão lá é por que lá o solo tem muita umidade e se tem umidade corre o risco maior de deslisamentos.

Você pode reparar que em toda cena em que aparecem bombeiros tentando resgatar vítimas soterradas há folhas de bananeiras por perto.

Como se vê, no DESLISAMENTO de terra há formação de grande quantidade de lama líquida que flui, escorrendo, como no caso de avalanche de neve. Então podemos nos inspirar nas Obras de Contenção e Obras de Proteção e Obras de Desvio que são construídas ao longo da estradas européias sujeitas à ocorrência de avalanche de neve. Veja alguns tipos de obras:

Então, quando a engenharia rodoviária encontra uma situação em que um talude está no caminho da estrada, como no desenho (hipotético) seguinte, como a Engenharia vai agir?

Temos, basicamente, 3 alternativas. Veja quais são:

ALTERNATIVA Nº 1 MURO DE CONTENÇÃO ALTERNATIVA Nº 2 PAREDE ATIRANTADA ALTERNATIVA Nº 3 TUNEL

O que não pode é "não considerar" a existência de um talude íngreme e não construir nenhuma obra capaz de reter, barrar, conter, desviar a lama que vai descer em dias de forte chuva prolongada:

Esta situação é uma "BOMBA RELÓGIO" que a gente não tem como saber QUANDO vai ocorrer o desastre.

AÇÕES PREVENTIVAS:

O principal "agente" que causa o deslisamento é a ÁGUA. A água da chuva que cai diretamente sobre a área de risco e chegando em grande quantidade não dá tempo de escoar então o solo fica saturado.

Evita-se que ocorra a saturação do terreno com obras de Drenagem que pode ser:

Tornar o solo impermeável pavimentando com material impermeável como asfalto, concreto e lona plástica;

Construção de Canaletas para coletar rapidamente as águas da chuva e conduzí-las para a Galeria de Águas Pluviais;

Construção de Galerias para condução das Águas Pluviais;

Construção de Muros de Arrimo conferindo maior estabilidade ao Talude.

   

Lugar da água da chuva é nas galerias de condução das águas pluviais e nunca correr por sobre a superfície da rua. 

 

e é por isso que em toda esquina deve haver Bocas de Lobo que "engole" a água que corre pela sarjeta levando-a para a galeria e assim evitando a formação de enxurradas na rua.

 

A rua onde você mora tem Bocas de Lobo? Não tem? Sabia que é obrigação da Prefeitura instalar uma Boca de Lobo a cada 60 metros da rua, nos dois lados da rua, para evitar que a chuva forme enxurradas, enxurradas que podem arrastar crianças, pessoas idosas e PCD? 


CASO Nº 4: QUEDA POR SOLAPAMENTO:

Solapamento é a formação de vazios no subsolo, por baixo do pavimento, causados pelo carriamento de partículas sólidas pela água. O desastre costuma ocorrer em ruas e estradas onde o subsolo vai ficando oco, ninguém percebe pois costuma não aparecer nenhum sintoma na superfície. Ficando oco o revestimento da via pública fica sem sustenção e, de repente cai, cede na passagem de um veículo ou até mesmo sozinho.

Pode também começar com pequeno "furo" no asfalto, seguido de buraco maior que cresce, cresce e pode até engulir um caminhão inteiro:

O povo chama de "cratera", ao invés de "buraco" por que se forma DEBAIXO PARA CIMA, como a cratera de um vulcão. Veja mais casos de crateras que surgem no pavimento da via em www.ebanataw.com.br/leitocarrocavel/

O solapamento costuma ocorrer também em Bueiros e Reaterro de Valas.

O povo costuma chamar de "bueiro" e até profissionais da comunicação chama este componente de "bueiro" mas trata-se de uma simples TAMPA de um Poço de Inspeção para entrada de manutendores da rede de coleta e condução de águas pluviais (água da chuva):

Na verdade, "bueiro" é a passagem de um córrego, um riacho por baixo de uma estrada.

O solapamento acontece em locais em que foram "enterrados" tudos para a passagem da água como na rede de coleta de esgotos, rede de coleta de águas pluviais e bueiros por falha na compactação do material do aterro ou do reaterro.

Explico melhor: Ruas, avenidas e estradas por onde trafegam veículos rodoviários precisam ter o leito, a camada que sustenda o leito carroçável, bem compactado para suportarem bem o tráfego de veículos pesados como ônibus e caminhões, o que é feito com equipamento pesado próprio para uma boa compactação. Na Engenharia medimos o grau de compactação em Proctor e caso não esteja dentro de certos limites determinados por normas internacionais a empreiteira precisa refazer o serviço. Veja mais sobre Ensaio Proctor em www.ebanataw.com.br/terrapleno/ensaioproctor.htm

 

Não importa se é uma Rodovia Classe Especial como a Rodovia dos Imigrantes ou se é uma rua de um bairro na periferia: O grau de compactação do leito deve ser sempre respeitado e a empreiteira só poderá ser paga se o serviço for executado e garantido por 5 anos a boa execução. Veja mais sobre o Leito Carroçável em www.ebanataw.com.br/leitocarrocavel.

Mas, o poder público faz a contratação da empreiteira medindo sua capacidade de realização de serviços de engenharia, não por critérios de competência técnica e operacional mas sim pelo "menor preço" que é critério determinado pelo artigo nº 33 da Lei Federal nº 14.133 de 1º de abril de 2021. Veja mais detalhes sobre esta problemática em www.ebanataw.com.br/leitocarrocavel/

ENTRANDO NO DETALHE TÉCNICO DO PROBLEMA:

Tubos de grande diâmetros enterrados apresentam uma enorme dificuldade de compactação tanto na parte de cima do tubo como, e principalmete, na parte de baixo do tubo pois é um local de difícil acesso e nem sempre o solo do reaterro fica compactado no teor de compactação exigido pela norta. Compactação do aterro que a norma exige que seja feita com equipamentos pesados, como acima explicado, é feita manualmente e, obviamente, a terra não fica suficientemente bem compactada e tem até norma técnica que nem sempre é obedecida. Não dá para comparar o grau de compactação que se obtém numa compactação manual com o grau de compactação exigido pelas normas técnicas brasileiras para

 

A terra do aterro que fica fôfa pois foi compactada de forma inadequada, permite que a água da chuva que penetra pelo terreno escoa por fora do tubo e provoque o carriamento (leva embora) do solo, criando um vazio que vai aumentando a cada chuva . . . aumentando a cada chuva . . . e vai abrindo um buraco por sob o pavimento que um dia cede abrindo a cratera.

Uma desconfiança pode vir à nossa mente: Quando o poder público prepara o Edital para o serviço de execução de uma rede subterrânea (gás, telefonia, água, esgoto, água pluvial, etc.) tem a preocupação de fazer uma boa Especificação Técnica sobre o serviço OBJETO, isto é, o tipo de tubo que será empregado, a forma de fazer a união dos tubos, etc. pois qualquer falha nos tubos pode provocar, como na rede de gás, um grande desastre e não dedica um capículo específico sobre a abertura da vala e nem sobre o reaterro da vala. A vala deve ser escorada a partir de 1,50 metro de profundidade e isso nem sempre é feito e vez ou outra ouvimos notícia de desmoronamento da vala soterrando o operário que trabalhava dentro da vala.

 

Existem soluções com emprego de tubo mais apropriado para esta situação e equipamentos que mesmo operado manualmente conseguem oferecer o grau de compactação exigido pela norma.

Veja mais detalhes sobre estas dificuldades que as empreiteiras enfrentam quando fazem o Reaterro de Valas em  www.ebanataw.com.br/terrapleno/reaterrovala.htm


CASO Nº 5: A CHUVA É UM FENÔMENO CÍCLICO QUE É REPETIDO EM PERÍODOS DE ANOS:

Chove há milhões de anos, assim tem sido e assim, esperamos, que continue sendo.

Há chuvas anuais, há chuvas quinquenais, há chuvas centenárias, há chuvas milenares e assim por diante. As chuvas se repetem em períodos de anos.

Quem estuda os ciclos de chuva são os Pluviólogos, profissionais que conhecem bem o Clima, a Meteorologia e os fenômenos atmosféricos como as Células de Hadley, o Efeito Coriolis, a Zona de Convergência do Atlântico Sul, a combinação El Niño/La Niña e muitos outros fenômenos que ocorrem na atmosfera terrestre.

Cada um desses fenômenos possui o seu próprio Período de Recorrência, alguns variando a cada 11 anos, outros a cada 7 anos, outros a cada 4 anos e quando coincide a ocorrência de vários desses fenômenos a chuva é catástrófica como mencionado no Caso nº 3 acima: DESASTRES acontecem a cada 9 anos: [1996, 2005, 2014, 2023, 2032, 2041, . . . ]. Numa ocorrência os desastres ocorrem mais ao Sul e noutra mais ao norte.

Veja mais detalhes sobre estes Fenômenos Atmosféricos no site www.ebanataw.com.br/atmosfera/

Este fato dos fenômenos atmosféricos ocorrerem em períodos cíclicos de tempo já era muito conhecido pelos povos antigos como os gregos e os astecas. Veja dois exemplos: 

Mecanismo de Anticítera:

Uma peça curiosa juntamente com vários outros objetos antigos encontrados no Mar Mediterrâneo a 43 metros de profundidade perto da ilha grega Anticítera em 1901 despertou muito interesse pelo seu formato. Examinada diversas vezes por vários estudiosos, matemáticos e cientistas, concluiu-se tratar de um "computador" do tipo analógico e tiveram o cuidado de construir uma máquina com base nas característicos do objeto encontrado.

A máquina de Anticítera, como é conhecida, é um computador analógico criado no século I a.C. na Grécia romana e era usada para prever posições astronômicas, eclipses, fases da lua e outros fenômenos atmosféricos.

Sua construção foi atribuida a Arquimedes e seu uso, além de calcular a orbita lunar, solar, mais as órbitas de cinco planetas ao redor da terra, é capaz de prever eclipses lunares e solares por séculos à frente.

CALENDÁRIO ASTECA:

Descoberta em 1790 durante as obras de reurbanização da cidade do México, mede 3,58 metros de diâmetro quase 98 centímetros de espessura e pesa 21,8 toneladas.

Contém 2 sistemas de contagem do tempo, em períodos cíclicos de 52 anos.

Com ela é possível prever a posição dos astros e o comportamento das chuvas.


CASO Nº 6: UMA PROPOSTA:

Como se vê, as chuvas ocorrem em períodos cíclicos como vem acontecendo há milhões de anos e continuará a ocorrer ainda por períodos cíclicos em outros milhões de anos.

Que características encontramos nesta região entre Santa Catarina e Espírito Santo que atrai a ocorrências de Chuvas Catastrósficas de tempos em tempo?

[1996, 2005, 2014, 2023, 2032, 2041, . . . ]

O QUE ESTA REGIÃO TEM EM COMUM PARA ALTERNAR, EM CADA PERÍODO CÍCLICO DE ANOS, PRODUZIR CATÁSTROFES COM MUITOS DANOS MATERIAIS E VÍTIMAS FATAIS?

As chuvas são evitáveis? NÃO! Os deslisamentos são evitáveis? TALVEZ! Os danos materiais e vítimas fatais são evitáveis? SIM! Que providências podemos tomar para evitar os desastres?

É necessária a formação de uma Base Científica capaz de desenvolver Ações Preventivas, e não apenas Ações Corretivas.

Devemos retornar às origens do continente americano na época da Pangea quando aconteceu a difícil separação entre a placa africana e a placa americana que resultou na formação da Serra do Mar e que deram esta caracterísitca única no mundo em que os rios nascem perto do mar e caminham para o interior. As transformaçoes metamórficas ainda continuam e os deslisamentos são etapas naturais deste processo. Se quisermos evitar as tragédias devemos, nós, compreender como age a natureza e adaptar as obras de proteção, contenção, retenção, desvio, etc. para a necessária proteção da população:

A Lei nº 5.376 de 17 de fevereiro de 2005 criou o Sistema Nacional de Defesa Civil - SINDEC e foi uma providência muito acertada pois permitiu a formação de Brigadistas, a criação das Defesas Civis Municipais - COMDEC e até de Defesas Civis Locais - os NUDECs, equipando-as com viaturas, equipamentos, dispositivos, instrumentos e ferramentas mínimas para a Ação da Defesa Civil. Conseguimos criar Resgatistas que, treinados, atuam em parceria e que se deslocam para atuação voluntária. A Lei 5376 criada no contexto de Organização Colegiada, isto é, não um simples órgão do poder executivo mas sim de um órgão capaz de reunir e coordenar as forças de Entidades do Terceiro Setor, Concessionárias de Serviços Públicos, Empresas Governamentais, Empresas Particulares, Voluntários Civis além das estruturas dos Corpos de Bombeiros e das Polícias (militar, civil, etc.) estabelecendo diretrizes, regras, procedimentos, treinamentos e atuando de forma organizada, coordenada como temos assistidos nas inúmeras catástrofes climáticas que tem acontecido no Brasil.

Devemos atentar para a lei nº 12.608 de 10 de abril de 2012 que em substituição à lei 5376 ampliou o escopo introduzindo uma simples palavra ao título: Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil - SINPDEC.

Sem esta Base Científica, continuaremos a assistir os Agentes Governamentais fazendo afirmações do tipo "CHOVEU MAIS QUE O ESPERADO" demonstrando a total falta de fundamentação científica, demonstrando estar amparado por uma assessoria despreparada para o enfrentamento das ações naturais que, com uma base científica, poderiam ser enfrenadas no sentido de criar OBRAS de contenção, desvios, canalização, condução e assim evitar que as chuvas cheguem a causar danos materiais e vítimas fatais.

Pensando no futuro, que as chuvas torrenciais continuarão a cair de tempos em tempo e que o Desenvolvimento Urbano irá prosseguir e que novas áreas de mata serão ocupadas pelo ser humano em permanente crescimento, propomos algumas ações para melhorar a Base Científica capaz

Ação Proposta nº 1 - Criação de um Órgão Gestor Federal:

Criar um órgão colegiado federal formado exclusivamente por Notáveis para a elaboração de um Plano Diretor de Ocupação Urbana para a região da Serra do Mar (que não seja apenas "proibições") com orientações sobre os cuidados, obras de drenagem, obras de saneamento básico (água, esgoto, águas pluviais e lixo urbano) e outras capazes de conter, reter, barrar, desviar, proteger a ocorrência de danos frente às chuvas.

Ação Proposta nº 2 - Exigência do Tribunal Regional Eleitoral:

Que os candidatos a Prefeito Municipal desta região façam um curso criado pelo Órgão Federal acima proposto para que o seu Programa de Governo, instrumento da proposta empregada na campanha eleitoral, contenha obrigatoriamente as Ações "prometidas" em seu governo caso seja eleito e que seu registro no TRE como Candidato seja aceito somente na apresentação do Certificado fornecido pelo Órgão Gestor.

Ação Proposta nº 3 - Ação Unificada dos órgãos que habilitam o exercício profissional em Construção de Edifícios e Obras Públicas.

Que os Conselhos de Engenharia e os Coselhos de Arquitetura emitam uma Habilitação Específica para atuação profissional, destas categorias, nesta região. Que estes conselhos patrocinem Cursos de Aperfeiçoamento ministrados pelas Associações de Arquitetos e de Engenheiros Civis desta região sobre as particularidades geológicas, morfológicas e climatológicas.

Ação Proposta nº 4 - Ação das Câmaras Municipapis.

Que as Câmaras Municipais elaborem Leis Municipais segundo as quais todos os Secretários Municipais, indicados pelo Prefeito, demonstrem ter conhecimento científico e experiência tecnológica e que sejam sabatinados por componentes do Órgão Gestor em audiência na câmara. A delegação às câmaras dos municípios é por que as características de ocorrência e as obras adequadas para a prevenção, proteção, contenção e desvio das manifestações meteorológicas diferem e são próprias de cada região.

Ação Proposta nº 5 - Aumentar o escopo das ações municipais.

Criar uma Lei Federal para que os Prefeitos não tenham que se desculpar dizendo: "cansamos de avisar, imploramos para que saíssem do imóvel, colocamos até sirenes para avisar mas eles preferiram ficar dentro do imóvel" e que tenham poder e força, até amparado pelo Poder Judiciário, para RETIRAR À FORÇA, SE NECESSÁRIO e assim preservar a vida e a integridade física do morador de um imóvel que esteja prestes a desabar.

FUTUROS ACESSOS:

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RMW\talude\desastre.htm em 29/11/2009, atualizado em 11/03/2023.