Os ventos
desempenham um papel importantíssimo na vida dos seres vivos, sejam eles
vegetais ou animais. É ele que leva para longe o ar viciado, rico em dióxido
de carbono, que nós expiramos. E é ele, também, que traz um ar mais puro,
rico em oxigênio, tão necessário para o perfeito metabolismo do nosso
organismo. A existência de montanhas, vales de rios e até mesmo prédios altos, condicionam o movimento dos ventos, o caminho da sua trajetória. É por isso, que em cada localidade, existe uma direção predominante em que o vento passa, embora se tenha a impressão de que os ventos sopram de tudo quanto é lado. Existem também fatores macroscópicos que atuam nesse processo. A região sudeste do Brasil, está sujeita a frentes frias provenientes da região antártida. Tais ventos sobem na forma de redemoinhos que giram no sentido anti-horário. Consequência disso é que na cidade de São Paulo, os ventos sopram, predominantemente, do sudeste para noroeste. A cidade de São Paulo está localizada em um enorme "buraco" entre as serras do Mar e da Cantareira e é entrecortada por diversos rios que esculpiram, ao longo de milhões de anos, vales por onde os ventos predominantes fluem livremente. Como centro de produção industrialmente desenvolvido, a Grande São Paulo congrega milhares de ind ústrias que impulsionam o progresso desse imenso Brasil, sendo responsável por um PIB respeitável. Entretanto, o progresso traz poluição. Poluição do solo, das águas e principalmente do ar. Os poluentes são partículas pesadas, muitas vezes tóxicas, expelidas pelas fábricas durante o seu processo de produção. Essas partículas vão, primeiro, sujar as nossas casas e nossas roupas. É a parte visível da poluição. Causa em nós uma impressão horrível. Entretanto é a parte que menos mal causa à nossa saúde.Existe, no ar poluído, uma outra parte que a gente não vê, carregada de partículas tóxicas. É a intoxicação pelo ar que atua de forma homeopática, lenta, matando as pessoas aos poucos. Ácidos agressivos como o sulfúrico, metais pesados como o chumbo e outros produtos nocivos como o mercúrio, o tetraetila e o cloro-fluor-carbono, aquele que agride a camada de ozônio, são livremente expelidos na atmosfera. As pessoas conhecem esses fatos mas não falam nada pois pensam que depois que saem da chaminé, estas partículas sobem aos céus. Grande engano: São partículas pesadas, que pesam mesmo, e os ventos, mesmo os mais fortes, não conseguem carregar para cima.Lembrando aquela fábula do lobo e do cordeiro, em que o lobo, desejando comer o cordeiro, usa a desculpa esfarrapada de que ele, o cordeiro, estava lavando a roupa em um ponto acima do rio e que ele, o lobo, estando em um ponto abaixo, foi obrigado a beber uma água que fora sujada pelo cordeiro. Pois é, olhando o mapa da Grande São Paulo, a gente vê que as indústrias, ou os pólos industriais, estão concentrados em determinadas regiões. É o ABCD paulista, a Zona Leste da cidade, bairros como o Ipiranga, Vila Prudente, Santo Amaro e as cidades industrializadas, nossas vizinhas, como Guarulhos, Suzano, Mogi das Cruzes, e Osasco. Toda a carga de poluentes produzida por esse potente parque industrial é carregada pelos ventos predominantes e vão parar em outras regiões. São poucas as região que estão livres da poluição. O Tatuapé é uma dessas regiões privilegiadas. Observe o mapa. O vale do rio Tamanduateí e o vale do rio Aricanduva, formam como que uma enorme canalha natural que canaliza a poluição , formando uma barreira natural e impedindo que a poluição industrial atinja o Tatuapé. Recebemos o ar fresco proveniente da região montanhosa de Ouro Fino Paulista, Palmeiras de São Paulo e Taiaçupeba.Veja, no desenho abaixo, onde nasce a poluição e para onde ela é conduzida pelos ventos predominantes. |
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\BP\bp9.htm em 28/12/00, atualizado em 12/08/2017.