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A FUNÇÃO DO CÉREBRO.

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Tudo que acontece no corpo é comandado pelo cérebro.

Uma simples coceira na ponta do dedinho do pé é sinal de que o sistema nervoso detectou a presença de algo indesejável e o cérebro, então, ativa um movimento involuntário das mãos para coçar o local na tentativa de remover o indesejável.

Da mesma forma com que todas as funções de movimento físico é comandado pelo cérebro, as função comportamentais também o são.

Um idoso ranzinza o é pelas características de partes do seu cérebro perderam suas capacidades de percepção e de tolerância.

Como, então, funciona o cérebro?

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A ESTRUTURA DO CÉREBRO

O cérebro é um órgão formado por células especializadas denominadas neurônios interligadas por proteínas denominadas axônios por onde ocorrem descargas elétricas denominadas sinapses.

Um ser já nasce com todos os neurônios que vai precisar na sua vida. Não ocorre o aumento de neurônios ao longo da vida. A quantidade de axônios é que é bem pequena quando se nasce e vai aumentando na medida em que a pessoa passa por experiências.

Todo e qualquer sentido (que é sentido por um dos órgãos do sentido) gera uma sinapse, isto é, uma descarga elétrica entre determinado neurônio e determinados outros neurônios. É como se fosse uma tentativa de “comunicação” desse neurônio com outros para “tentar entender” o que acontece. O que está acontecendo? É um ato agressivo? O organismo corre riscos? Precisamos desencadear alguma ação defensiva ou de fuga?

Um único neurônio pode comunicar-se com outros 100 mil neurônios, dependendo da situação.

Essa reação ocorre numa velocidade espantosa. Imagine que uma parte do seu corpo, o braço por exemplo, entra em contato, sem você perceber, com um fio elétrico. Quase que no mesmo instante em que ocorre o contato, o braço é recolhido. É a velocidade em que as células nervosas do seu braço percebem a “agressão”, transmite o recado para o cérebro e este joga adrenalina na corrente sanguínea. O braço recolhe, a pulsação aumenta para suprir as células com mais oxigênio, a respiração aumenta para suprir a demanda extra de oxigênio. Às vezes, a quantidade de adrenalina é tão grande que, num ato de defesa, o organismo desfalece, isto é, você desmaia.

Na medida em que o fato se repete, as sinapses vão se consolidando na forma de axônios. É como uma receita, um procedimento escrito. O fato se repete com certa freqüência, então vamos deixar “escrito” para não ter que voltar a “pensar” quando o fato acontecer novamente.

Às vezes, não há a necessidade de repetição – Num ato violento a sinapse é tão intensa que forma o axônio com um único ato. É o trauma. Uma vez formado, dificilmente poderá ser eliminado e o “perseguirá” para o resto da vida.

Não havendo axônio formado, o cérebro é obrigado a “pensar” o que faz através das sinapses.

Num recém nascido, não há muitos axônios ainda. Então a quantidade de sinapses é muito grande. Tudo é novidade, coisa nova, situação nova. Um bebê aos 12 meses de idade apresenta o dobro de sinapses do cérebro adulto.

Na medida em que são criados os axônios, decresce a capacidade do cérebro de produzir sinapses.

AS IDADES DO CÉREBRO

Até os 3 anos é classificada como Idade Mágica que é caracterizada pela Exuberância Sináptica. Não há ainda muitos axônios formados. As sinapses são como a memória RAM dos computadores, isto é, apaga tudo quando se desliga. Os axônios são como o Disco Rígido dos computadores, isto é, a informação fica gravada mesmo quando se desliga.

A Exuberância Sináptica tem seu ponto alto em torno dos 7 anos de idade e prossegue até o início da adolescência. Depois disso vai decaindo gradativamente.

Até os 7 anos de idade, os axônios formados formam a base das Sensações e das Emoções. Axônios do Gosto formam a estrutura básica para o saborear, do apreciar, do prazer de gostar do “sentir o gosto de”.

Esses axônios nos dão a capacidade de sentir as emoções do “gosto”, de “gostar”, de “sentir prazer” tanto com relação a coisas materiais que transmitem a nós sensações agradáveis como o contato com um tecido de seda, com o paladar agradável de uma comida ou bebida e também com relação a coisas não materiais como o sentimento produzido ao conversar com certas pessoas que a gente “gosta”.

Quanto mais desenvolvido forem os axônios do “gosto” maior será a capacidade de “sentir” todas essas coisas “agradáveis”.

Um criança que não toma contato com objetos, com alimentos (daí a necessidade de colocar tudo na boca) e com pessoas (contato físico e conversas) é uma criança que não desenvolve os axônios do “gosto” e terá muitas dificuldades de aceitar, de sentir, de usufruir, de deliciar-se com o “gosto” das coisas e pessoas.

É por isso que precisamos oferecer à criança, ainda na fase da Exuberância Sináptica, a maior quantidade possível de sensações não só de contato físico, como de emoções (montanha russa, perna de pau, carrinho de rolimã) e de relações (circo, teatrinho infantil). Nessas experiências o cérebro se esmera na produção de uma proteína especial, a dopamina, que vai ajudar a formar o que os neurologistas chamam de Núcleo Acumbente, isto é, a parte do cérebro que dá personalidade à pessoa.

O lúdico propicia justamente a ampliação da rede de sinapses. Brincar, simplesmente brincar, pelo puro prazer de brincar, sem interesses, sem objetivos, sem preocupação de quem é o melhor não é um mero passatempo. São atividades que desenvolvem, fortalecem e consolidam a rede de axônios. (Veja mais sobre brincar em www.ebanataw.com.br/brincar)

Quanto mais contato a criança tiver com coisas e pessoas, maior será a amplitude da sua rede de “gostos”, isto é, dos axônios relacionados com as sensações e emoções. Quando adulto, ao “comer” pela primeira vez um sachimi terá a chance de “apreciar” aquele prato. E mesmo aos 60 anos de idade, ao ser conduzido pelo Vale dos Vinhedos em Bento Gonçalves terá a chance de “apreciar” ou de “passar a apreciar” e em vez de “beber” o vinho saberá “apreciar” a bebida.

Talvez o fato de “conseguir” apreciar não dependa apenas dos axônios do “gosto” mas também dos axônios do “relacionamento” pois o cicerone foi uma pessoa querida.

É pela presença da dopamina que a pessoa sente prazer mesmo nas pequenas coisas, mesmo nas coisas que aparentemente são desprezíveis ou sem sentido.

Infelizmente, essa alegria tem prazo para acabar.

A passagem da Idade de Criança para a Idade de Adulto pode ser medida pela presença da uma proteína, a mielina, que “engrossa” e consolida os axônios. Um cérebro com a rede de axônios “consolidados” pela mielina forma a Personalidade, isto é, o conjunto de características, físicas e comportamentais, que identifica, dão identidade, àquela pessoa ou animal.

O ENVELHECIMENTO DO CÉREBRO

Com o aumento e a consolidação dos axônios, as sinapses diminuem e a pessoa perde o gosto e o interesse pelas brincadeiras e passam a vivenciar longos e intensos períodos de tédio. Conversar com um “velho” é tediante pois o cérebro do velho só consegue trabalhar com a rede dos axônios consolidada pela mielina e que contém a Memória Antiga. O velho só encontra “prazer” ao falar das coisas antigas. “como era boa”, “como eu era bom”, etc.

A única forma de combater este estado de tédio é tentar aumentar a produção de dopamina o que é feito pela “busca de novidades”. É quando a mente se abre (pessoas de mente aberta). A pessoa quer fazer coisas novas e mesmo fazendo as coisas de sempre procura fazê-las de forma diferente.

Podemos exercitar a produção de dopamina até em atividades corriqueiras como “chegar em casa”. Tem gente que sempre volta pelo mesmo caminho, pelo mesmo itinerário. Ao mudar, propositalmente, o itinerário de retorno ao lar, isto é, voltar por outra rua, você estará estimulando a produção de dopamina e isso vai fazer você mais perceptivo para o gosto, para o prazer e mesmo que o jantar seja o velho e tradicional “estrogonofe” você sentirá novas sensações e novos prazeres mostrando uma outra face, uma nova face, tornando-se “agradável” às pessoas que compartilham o jantar com você.

Outra experiência simples e bastante interessante é tomar o banho com os olhos vendados. Para você ter uma idéia, somente no item "pegar o shampoo" você terá que produzir uma grande quantidade de dopamina para encontrar o frasco certo.

Seja criantivo consigo mesmo. Por exemplo, experimente comer, descascar a laranja com a outra mão.

O amadurecimento do cérebro acontece em torno dos 30 anos de idade. É quando se consolida praticamente todas as redes axônicas. A produção de dopamina é tremendamente reduzida a partir dos 35 anos de idade. A pessoa perde a capacidade de sentir “novos prazeres” e só dá prazer aquelas atividades (coisas e pessoas) que habitualmente (e isso está registrado nos axônios) lhe dão prazer.

Pode acontecer, e às vezes isso acontece, desse “estado perene” ser abalado. São oportunidades raras em que o ser “renasce”, a pessoa sofre uma transformação profunda. Esse evento miraculoso pode ser um fato grave, traumático como pode ser um fato até imperceptível como um estalo, o famoso “Estalo de Vieira”.

Preciso alertar que com essa minha colocação não estou dizendo que uma pessoa Velha é uma pessoa Imprestável. Muito pelo contrário. O valor de uma pessoa, mesmo que Velha depende do tamanho da rede de axônios. Uma pessoa que vivenciou todos os momentos, que teve uma juventude ampla e variada com experiências vividas intensamente, tem uma enorme rede axonionica e essa experiência acumulada e consolidada pode e deve ser inteligentemente utilizada e empregada.

CONCLUSÃO

A produção da dopamina está relacionada com a “novidade” e com as “coisas novas” que formam a nossa Memória Recente. Onde deixei a chave do carro? é uma informação não consolidada na forma de axônio e é administrada por sinapses controladas pela dopamina. Com o envelhecimento, o cérebro diminui a produção de dopamina. É por isso que passamos a esquecer as coisas mais recentes.

Isso é um sintoma muito claro de que você passou para uma fase de diminuição de dopamina, isto é, que você está ficando velho.

Felizmente temos a capacidade de “forçar” o aumento da produção de dopamina. Basta intensificar aquelas atividades “novidades”, ações diferentes, ambientes diferentes, pessoas diferentes que “forçam” o nosso cérebro a voltar a produzir sinapses.

REAGIR! Buscar novidades, mudar de ares. Sair para ver novidades, ver o que as pessoas estão fazendo, buscar novas expectativas para você mesmo. Fazer, mesmo a contragosto, coisas que “os outros” fazem com prazer. “Se eles fazem é por que sentem prazer e eu também poderei sentir prazer naquilo”.

 

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Conheça o autor que acha que criança nasceu para brincar e ser feliz.
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\crianca\cfcerebro.htm em 12/10/2007, atualizado em 07/12/2008.