DESCIDA

 

 

O Raio (descarga elétrica atmosférica) captado pelos captores devem ser conduzidos, o mais rápido possível, para o solo.

Para isso, instalamos cabos elétricos, bons condutores de eletricidade entre os Captores (que ficam, geralmente, nas partes altas do prédio) e o Aterramento (que fica, geralmente, na terra).

Furaga 1:

 

Os cabos de descida devem ser sempre externos para facilitar a inspeção visual anual. Tratando-se de cabos especialmente fabricados para uma boa condução de eletricidades, os cabos nem sempre resistem bem às intempéries (chuva, sol e vento) e requerem intervenção corretiva.

Vários são os problemas que afetam os cabos:

1- Sofrem alongamento pela constante exposição ao ciclo esquenta/resfria o que ocorre mais nos períodos quentes (verão) do ano. Em dias quentes, o cabo exposto ao sol atinge temperaturas elevadas, coisa de 800C e, de repente, recebe um ataque de gelo picado (chuva de granizo) obrigando a temperatura chegar a zero em poucos minutos.

2- Sofrem o impacto dos ventos fortes que produzem esforços horizontais e vibrações nos cabos causando a fadiga do material.

3- O anel de isolamento elétrico (geralmente de borracha) existente no interior do suporte do cabo deteriora-se pela ação das intempéries e o cabo fica em contado direto com o metal do suporte, causando desgaste do cabo.

4- A haste de alguns suportes rompem-se pela fadiga provocada pela vibração do cabo sob passagem do vento.

Figura 2: Modelo típico de suporte de cabo de descida formado 
por uma haste que mantém o cabo longe da parede e de um 
anel de borracha para impedir que a tensão elétrica do raio 
(mais de 50 milhões de Volts) passe para a parede.


O QUE DIZ A NORMA NBR-5419.

Existem restrições sérias impostas por norma brasileira (no caso a norma NBR-5419 Proteção de Estruturas Contra Descargas Atmosféricas). Vejamos algumas delas:

1- Toda descida deve ser feita com pelo menos DOIS cabos. Não é admissível, um prédio ter o seu sistema de proteção contra descargas elétricas atmosféricas baseadas em apenas uma única descida. 

2- Não é permitido que haja EMENDAS no cabo de descida (item 5.1.2.4.2).

3- Os condutores de descida devem ser VERTICAIS, evitando-se cabos inclinados e horizontais. Dar a volta em torno de bordas e sali~encias é terminantemente proibidas (item 5.1.2.4.1).

Figura 3: Desenho do item 5.2.2 da norma NBR-5419:

Veja um caso muito comum que apresenta diversas irregularidades:

 

Figura 4: Curvas dando a volta em beiral, lajes, etc. 
não são permitidas.

4- A distância mínima entre o cabo e qualquer componentes não metálido do edifício deve ser de pelo menos 10 centímetros a fim de se evitar a ocorrência de CENTELHAMENTO entre o cabo e o componente. Centelhamento é quando ocorre o salto de uma faísca entre o cabo e a parede do prédio, formando um arco voltáico.

Quando isto acontece, parte da tensão elétrica é transferida para a parede. Uma pessoa que esteja em contato com a parede (tomando banho, por exemplo) levará um choque.

Figura 5: Cabo torto e curvas do cabo aproximam o 
cabo da parede facilitando a ocorrência de arco voltáico 
por onde o raio poderá passar para a parede e, assim, 
dar choque elétrico nas pessoas que encostarem na parede.

A ação do vento pode "amolecer ou esticar" o cabo de descida e assim criar folgas entre um soporte e outro. O cabo em vez de ficar reto vai criar "barrigas" ficando mais próximo da parede. Chame a manutenção para dar uma "esticadinha" no cabo.

Tem gente que acha que o Cabo de Descida, como está ligado à Terra, pode ser usado como Cabo de Aterramento e vai querer ligar o Terra do computador, o Terra do chuveiro e outros "terras" no Cabo de Descida. Não pode! Quando ocorre a queda do raio, voltagem do tipo 50 milhões de Volts passa pelo cabo e a pessoa que esteja em contato com o chuveiro ou com a torneira vai levar um baita choque elétrico.

O cabo de descida deve ser TOTALMENTE ISOLADO e não pode ter contato com nenhuma parte do edifício.

5- A distância mínima entre o cabo de descida e qualquer componente metálico do edifício (janela de alumínio, por exemplo) deve ser de pelos menos 2 metros.

Quando passa uma corrente elétrica por um condutor, a corrente produz uma corrente pelo fenômeno da indução magnética.

Em suas experiências práticas, Michael Faraday descobriu que dois condutores colocados um próximo do outro, mas sem nenhum contato entre eles, quando um deles recebe uma corrente elétrica ao ser ligado a uma fonte de eletricidade, no outro condutor aparece uma corrente induzida. A este fenômeno, ele deu o nome de Indução Eletromagnética.

Figura 6: Experiência de Faraday onde dois condutores, CONDUTOR-A e CONDUTOR-B, 
colocados lado a lado, mas sem nenhum contato entre eles, quando um deles, 
CONDUTOR-A, recebe uma corrente produzida por uma fonte de eletricidade, 
no outro condutor, CONDUTOR-B, surgem (como que milagre) uma corrente induzida.

Da experiência de Faraday podemos deduzir que um Cabo de Descida localizado próximo de um gradil metálico, de uma janela metálica, de um vaso de flores metálico, de um cano de água metálico e até de uma escada doméstica metálica poderá dar um tremendo choque numa pessoa que esteja, por enorme coincidência, em contato com o tal componente metálico no instante em que esteja ocorrendo uma descarga de raio.

Então, se a janela está a mais de 2 metros de um Cabo de Descida, a gente acha que pode ficar tranquilo na janela admirando a chuva cair. Eu não facilitaria tanto assim pois a janela, mesmo estando distante do Cabo de Descida e mesmo não tendo nenhum contato com ele, poderá receber por indução eletromagnética uma voltagem suficientemente forte para provocar um choque elétrico em quem esteja com a mão na janela. Dizem que o raio quando cai tem uma voltagem de 50 milhões de Volts. Ora, o choque de 110 Volts na tomada da parede já é um baita "chocão", imagine levar um choque de 50.000.000 Volts!

Para evitar qualquer possibilidade de centelhamento e mesmo indução eletromagnética, a norma brasileira NBR-5419 obriga que o cabo de descida seja instalado sempre a mais de 2 metros de qualquer componente metálico. Será que a firma que fez a última revisão do Sistema de Pára-Raios do prédio onde você mora tomou este cuidado?

Figura 7: O cabo de descida deve ficar longe de qualquer componente metálico.

Lembre-se que quando passa uma corrente elétrica o cabo esquenta. No caso de uma corrente de 50 milhões de Volts o calor é tanto que a temperatura no cabo pode chegar a 500 graus Celsius!

Você pode escolher entre um choque elétrico de 50 milhões de Volts ou queimar a mão com um calor de 500 graus Celsius.

A norma brasileira permite, para o Cabo de Descida, os seguintes tipos de materiais. Nunca use como cabo de descida fio ou cabo feito de material que não seja bom condutor de eletricidade. Já vi instações feitas com barra de ferro. Entre um cabo de cobre e outro de alumínio eu vou preferir sempre o de cobre pois ele é um ótimo condutor de eletricidade.

 

  ALTURA DO PRÉDIO
MATERIAL ATÉ 20 metros MAIS DE 20 metros
DE COBRE 16 mm2 35 mm2
DE ALUMÍNIO 25 mm2 70 mm2
GALVANIZADO A QUENTE 50 mm2 50 mm2

 

Para quem é da época antiga, onde os cabos eram comprados segundo a bitola AWG (American wire gauge), vai aqui uma tabela de EQUIVALÊNCIA AWG X MILIMETROS:

AWG

Diametro (mm)

Seção circular (mm2)

0000

11,86

107,2

000

10,40

85,3

00

9,226

67,43

0

8,252

53,48

1

7,348

42,41

2

6,544

33,63

3

5,827

26,67

4

5,189

21,15

5

4,621

16,77

6

4,115

10,55

7

3,665

10,55

8

3,264

8,36

9

2,906

6,63

10

2,588

5,26

11

2,305

4,17

12

2,053

3,31

13

1,828

2,63

14

1,628

2,08

15

1,450

1,65

16

1,291

1,31

17

1,150

1,04

18

1,024

0,82

19

0,9116

0,65

20

0,8118

0,52

 

RMW\Raios\descida.htm em 11/01/2009, atualizado em 01/01/2015.