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MEIOS PARA COMUNICAR

20/05/2007

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      Eu tenho andado muito por aí e observado que

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas, de um povo heróico o brado retumbante” na verdade significa As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heróico.

Prezados companheiros do grupo GEROI. Não se trata de uma compêndio de civismo. Andei constatando que muitas pessoas não falam e muito menos não escrevem por desconhecimento da “métrica” da linguagem.

Isso mesmo. Além da insegurança e timidez, há condicionantes técnicos e formais que não são de fácil domínio nem alcance.

Quero falar mas não sei por onde começar. Falei, falei mas não disse o que queria. Falei bem claro mas não fui bem interpretado. Não foi o que você disse mas foi o que eu entendi.

Uma mesma idéia pode ser falada de muitas maneiras diferentes. Antonio Gonçalves Dias diria:

Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o sabiá;

As aves, que por aqui gorjeiam,

Não gorjeiam como lá.

1a - A MONTAGEM DE UMA ORAÇÃO: 

A escolha das palavras “certas”, a escolha da ordem das palavras. A intenção com que emitimos a frase, as ênfases que queremos, que devemos colocar em determinadas palavras ou sílabas dentro da oração. Tudo isso é muito importante quando consideramos a EFICÁCIA da nossa comunicação (ação de comunicar, de transmitir a outro).

Andei constatando que muitas pessoas não falam e muito menos não escrevem por desconhecimento da “métrica” da linguagem.

Embora tenha opinião própria, muitas vezes é mais fácil referenciar falas de outros mesmo que não seja exatamente o que queremos transmitir.

Mas quando utilizamos frases de outros, a comunicação é sempre prejudicada pois coloca em evidência o Sujeito da frase. Assim, quando dizemos “Afasta de mim este cálice” querendo dizer que vou ser obrigado a enfrentar uma situação que não quero enfrentar, algumas pessoas irão criticar alegando que “ele está se sentindo um Deus”.

É importante a nós, como líderes, conhecer a métrica da nossa lingugem.

Não que eu esteja querendo que os rotarianos sejam habilidosos literatos, mas mostrar que determinadas preocupações, determinados instrumentos da linguagens podem e devem ser empregadas nos nossos escritos para melhorar a eficácia da comunicação, da ação de nossa iniciativa, enquanto líderes, para transmitir os nossos pensamentos, não apenas aos demais líderes da nossa comunidade de voluntários como também para toda a comunidade, seja ela local ou global.

Antes de continuar na dissertação, vejamos a definição formal de alguns termos:

 

2a - O SIGNIFICADO FORMAL DE ALGUNS TERMOS:

GRAMÁTICA: Exposição metódica e documentada dos elementos constitutivos de uma língua - normativa ou expositiva; a que dá as regras práticas para falar e escrever.

SINTAXE: Parte da gramática que trata da disposição das palavras na proposição; a relação das frases entre si e a construção gramatical.

FRASE: Reunião de palavras que formam um sentido completo; locução; expressão; oração; proposição.

ORAÇÃO: Súplica religiosa; reza; discurso; sermão; fala; proposição, enunciado de um juízo.

PROPOSIÇÃO: Ato de propor; o que se propõe; proposta; projeto submetido à apreciação de assembléia legislativa; teorema; problema; oração; frase.

REDAÇÃO: Ato de redigir; maneira de redigir; conjunto de redatores; local onde se redige; conteúdo narrado ou descrito.

DESCRIÇÃO: Ato ou efeito de descrever; exposição detalhada, oral ou escrita; relação detalhada. Um relatório é uma descrição dos fatos ocorridos. Participei da Conferência Distrital e estou preparando o Relatório. Ele vai conter uma DESCRIÇÃO de tudo que aconteceu lá. A descrição não deve apresentar fatos ficcionados, inventados ou interpretados. “Foi uma bela conferência” é uma interpretação pessoal e não deve constar no Relatório.

FICÇÃO: Criação da fantasia; imaginação; invenção.

SÍNTESE: Quadro expositivo do conjunto de uma ciência; resenha literária ou científica; resumo; demonstração matemática das proposições pela simples dedução das que já estão provadas. Voltando ao exemplo anterior, já vi muitos “relatórios” com frases do tipo “em síntese, foi uma bela conferência”. Isto está errado pois “uma bela conferência” não pode ser o resumo de nenhum texto descritivo.

CRÔNICA: Narração histórica por ordem cronológica; notícia comentada; anedota em jornal. Muitos dos emails que eu envio para o GEROI são crônicas carregadas de humor que nem todos aceitam passivamente pois entendem ser “provocações” pela sua contundência. Daí julgam o autor. Mas não representam, necessariamente e com exatidão, a minha opinião pessoal. Daí o conflito.

CRÍTICA: Arte de julgar as produções literárias, artísticas ou científicas; comentário; apreciação. Dizer que a crítica foi "construtiva" é uma falácia pois toda critica é corretiva, portanto destroi o que existe para colocar outra coisa no lugar.

SÁTIRA: Composição poética, destinada a censurar ou ridicularizar defeitos ou vícios; qualquer escrito ou discurso picante ou maldizente; censura irônica.

DISCURSO: Oração; trabalho, exposição lida perante um público.

ROMANCE: Novela; história fabulosa; história amorosa.

NOVELA: Pequeno romance; narração de aventuras interessantes; conto; enredo; história comprida.

CONTO: Historieta; fábula; história. Conto-do-Vigário: Engano; embuste; esperteza; tapeação.

ENSAIO: Experiência; treinamento; prova; dissertação sobre determinado assunto, mais curso do que tratado.

CURSO: Corrida; movimento; conjunto de matérias oferecidas numa escola; diarréia.

TRATADO: Contrato internacional relativo a comércio, paz, etc.; convênio; estudo ou obra desenvolvida acerca de uma ciência, arte, etc.

DISSERTAÇÃO: Exposição desenvolvida, escrita ou oral, de um ponto doutrinário. Quando um estudioso e experimentado rotariano escreve sobre certos preceitos rotários como a Prova Quádrupla, ou sobre a filosofia o Rotary, ou sobre o Lema, ou sobre as Avenidas está produzindo uma Dissertação.

TREINAMENTO: Ato de treinar, exercício. Prática, desempenho. o Treinamento é essencialmente prático. Não existe treinamento teórico.

POEMA: Obra em verso; composição poética; epopéia. Não compete ao poeta narrar exatamente o que aconteceu; mas sim, o que poderia ter acontecido, o possível, segundo a verossimilhança ou a necessidade.

POESIA: Arte de escrever em verso; composição poética; inspiração; o que desperta  o sentimento do belo.

Alguns pensadores clássicos foram contra a poesia, como Platão, através da boca de Sócrates em República: “Em relação às realidades supremas, às Idéias eternas, a imitação poética está afastada três degraus do real; a matéria dos poemas são as aparências de um mundo de aparências”. A prova está em Homero (o maior de todos e o mais representativo) ou qualquer outro poeta não possui competência nos assuntos mais importantes como a arte bélica, a tática militar, a administração do Estado, a educação.

O historiador e o poeta não se distinguem um do outro, pelo fato de o primeiro escrever em prosa e o segundo em verso.

Quando falamos da Filosofia do Rotary, das Avenidas de Serviço e de outras formas de “pensar Rotary”, estamos a fazer uma abordagem poética pois desperta o sentimento do belo.

EPOPÉIA: Poema longo sobre assunto heróico.

A epopéia, por seu estilo, corre parelha com a tragédia na imitação dos assuntos sérios, mas sem empregar um só metro simples e a forma narrativa. Além disso, a epopéia não fica presa a uma duração como no tragédia.

COMÉDIA: Obra ou representação teatral em que predomina a sátira ou o humor.

Imitação de maus costumes, não contudo de toda sorte de vícios, mas só daquela parte do ignominioso que é o ridículo. O ridículo reside num defeito e numa tara que não representam caráter doloroso ou corruptor.

TRAGÉDIA: Peça teatral que termina em desgraça; arte de fazer ou representar tragédias; acontecimento que desperta piedade ou terror.

A tragédia é a imitação de uma ação completa com princípio, meio e fim, ação que deve comportar certa extensão. Seu objetivo é a catarse, ou mais exatamente obter, provocando a compaixão e o temos, a purificação da emoção teatral.

Para Aristóteles, a intriga é mais importante que o pensamento, o que não é difícil de explicar, se levarmos em conta que a intriga absorve em si a parte mais importante do caráter e do pensamento e que o pensamento depende antes da arte retórica do que da teoria da poesia.

Como é pela ação que as personagens produzem a imitação, resulta necessariamente que uma parte da tragédia tenha o belo espetáculo oferecido aos olhos, seguida da música e, por fim, pela elocução. Portanto, na visão   de Aristóteles, a tragédia é ritmo, harmonia e canto.

Para alguns rotarianos, o exercício da Presidência é uma tragédia pois a desgraça termina com a exclusão do sujeito do quadro social.

PARÁBOLA: Narração alegórica que encerra uma doutrina moral. Nas minhas crônicas costumo inventar de inserir parábolas que sempre contém lição de moralidade. Trata-se de inserções sutis, muito sutis que apenas poucos têm a perspicácia de pegar.

METÁFORA: Figura que consiste na substituição de uma palavra por outra em virtude certa relação de semelhança. Iracema, a virgem dos lábio de mel.

Por empregar elementos simbólicos, devemos tomar o extremos cuidado de verificar, ou de explicar, tal associação. Numa comunidade que não conhece a doçura do mel não terá significado a frase acima.

FÁBULA: Narração alegórica, cujos personagens são geralmente animais, que encerra uma lição moral.

A fábula não é, como pensam alguns, apenas a presença de uma personagem principal; no decurso de uma existência produzem-se em quantidade infinita muitos acontecimentos, que não constituem uma unidade.

PLÁGIO: Cópia, imitação, apropriação de trabalho alheio. Pode ser indevida ou pode ser devida. Às vezes, mencionar a autoria pode até parecer devida mas os rotarianos, como verdadeiros líderes não devem se apropriar de frases cuja autoria seja de outros, conhecidos ou não.

CITAR: Intimar para comparecer em juízo; mencionar o nome de; referir ou transcrever um texto em apoio do que se afirma.

COLOQUIAL: Relativo a colóquio; linguagem coloquial, cotidiana, sem muita correção gramatical. É a linguagem que deveria predominar no GEROI. Liberdade e descontração. Entretanto, alguns geroianos pregam que o GEROI deve manter a mesma formalidade com que conduz uma reunião rotária.

Lembro-me de homéricas contendas ocorridas por conta de detalhes gráficos como “compreensão” ou “compreenção”. Se se escreve análise ou análize, estenção ou extenção ou extensão não deveria complicar, bloquear ou dificultar as comunicações no GEROI e muito menos ser motivo de afastamento ou de calação, coisa que já ocorreram.

ELOCUÇÃO: Estilo, escolha de palavras.

MÉTRICA: Parte da versificação que trata da maneira de contar; de medir os versos, isto é, o número de sílabas, acentos, cesura e rima exigidos pela metrificação.

 3a - O MEIO PARA SE COMUNICAR - SUBSTRATO:

Na década de 60 a UNESCO considerava “livro” uma publicação impressa, não periódica, que consta de no mínimo 49 páginas, sem contar as capas.

Trata-se, evidentemente, de uma classificação e não de uma definição do termo livro.

O ser humano sempre teve a necessidade de comunicar.

Antes mesmo que se pensasse em utilizar determinados materiais mais adequados como folhas de árvores e tecidos de fibras, já se empregavam placas de terra amassada para “imprimir” marcas de uma idéia.

Vejam como é antiga certas palavras como “folhas” e “imprimir”.

Um dos primeiros Manual de Procedimento era totalmente impresso em placas de argila. Nesse antigo manual, também conhecido como código, tem uma passagem que diz: “se um construtor fizer uma casa e essa casa desabar matando o proprietário, o construtor deve ser morto”.

Sempre que se escolhem frases e temas que transmitem idéias e conceitos estamos elegendo o que consideramos significativo no momento histórico e cultural que vivemos. O conteúdo de um escrito integra a estrutura intelectual dos grupos sociais.

Nos primeiros tempos (Grécia antiga), aquele que escrevia geralmente vivia em contato direto com seu público, que era formado por uns poucos letrados, já cientes das opiniões, idéias, imaginação e teses do autor, pela própria convivência que tinha com ele. Lembrem-se que na Grécia antiga, aque inventou a democracia, certas pessoas viviam cercadas com altos muros enquanto que o "resto" vivia no entorno, fora do muro denominado burgo.

Com o desenvolvimento comercial, o que se deu em fins do século XIV, os burgueses (que na antiguidade eram os que viviam nos burgos) passaram o integrar o mercado livreiro da época. A erudição laicizou-se, e o número de escritores aumentou, surgindo também as primeiras obras escritas em línguas que não o latim e o grego.

Mais recentemente, graças a Gutenberg, a Europa conseguiu dinamizar a produção de impressos, chegando a imprimir, em apenas cinqüenta anos, cerca e vinte milhões de exemplares para uma população de quase cem milhões de habitantes, a maioria analfabeta.

De lá para cá, os meios de produção de escritos aumentou vertiginosamente e hoje temos uma variedade muito grande de métricas proporcionadas principalmente pela INTERNET. Email, Chat, Blog, Vikipédia, Jogos Interativos, Second Life e Grupos de Discussão como o GEROI são apenas algumas dessas midia.

 

4a - A MÉTRICA:

A tragédia é composta das seguintes partes distintas: prólogo, episódio, êxodo, canto coral (párodo e estásimo), por sua vez, o discurso é composto por exórdio, texto e peroração.

A primeira parte, o exórdio, é o que principia, o preâmbulo sobre aquilo que queremos falar. É a necessidade de se estabelecer bases comuns, palpáveis a todos os interlocutores, falantes e ouvintes.

No teatro dispomos do cenário, que por si só, já transmite muita informação, caracterizando o contexto em que se dará a narrativa. Podemos ter um cenário com castelos medievais, outro com um belo jardim florido. No escrito, desejando uma ambientação, podemos utilizar o exórdio para fazer essa caracterização do ambiente.

Na fábula, o emprego de personagens na forma de animais facilita essa caracterização (imprimir um caráter) pois na nossa loucura, o leão, o jumento, a gazela e outros animais representam personagem estereotipados (materializados) dentro de nossa cultura.

O texto é a parte principal, o sermão, a palavra do autor. Pode até o autor citar outros “Já dizia fulano de tal  que ... “ na parte inicial, isto é, no exórdio, mas no texto, o autor deve colocar o seu próprio pensamento.

A peroração é a parte final, epílogo de um discurso. Como no exórdio é admissível citar “minha conclusão coincide com o que disse beltrano em .... “ com o sentido de enriquecer, de fortificar a sua idéia.

Na elocução escolhemos as palavras. Cada palavra possui um sentido, um significado. Tempos de verbos (fui, estou indo), a pessoa (eu, nós) possuem alcances próprios que deve ser pensado, medido, antes da sua escolha.

Existem sempre diferentes maneiras de dizer uma coisa e cada forma de se dizer possui um alcance diferente.

Quando a gente estuda PNL (programação neuro-lingüística) aprendemos que para as pessoas visuais, verbos como “veja”, “olhe” têm um significado chamativo, vocativo dentro da sentença. Ao mesmo tempo, para as pessoas auditivas, os verbos são “ouça”, “falam”.

Se na fala este aspecto é importante, na escrita também o é.

Os elementos essenciais na elocução são: a letra, a sílaba, a conjunção, o nome, o verbo, o artigo, a flexão e a expressão.

A letra é um som indivisível, embora não completo, mas seu emprego numa combinação resulta naturalmente um som. As letras dividem-se em vogais, semivogais e mudas. As diferenças entre estas letras provêm   das modificações dos órgãos da boca, dos lugares onde se produzem, da presença ou da ausência de aspiração, de sua duração maior ou menor, de seus acentos agudos, graves, intermediários; mas o estudo destas particularidades é o domínio da métrica.

A sílaba é um som sem significação, composto de uma muda e de uma letra provida de som. Seu estudo também compete aos metricistas.

Não é necessário ser um metricista para compreender a força de determinadas silabas abertas de sonoridade chamativa.

A conjunção é uma palavra destituída e significado que, sendo composta de vários sons, não tira nem confere a um termo seu poder significativo, e que se coloca nas extremidades ou no meio.

O artigo é um termo sem significação que designa o começo, o fim ou a divisão de uma proposição, por exemplo, na diferenciação entre “vazio” e “o vazio”.

O nome é um som composto, significativo, sem indicação de tempo, nenhuma parte do qual tem sentido por si mesma, pois, nos nomes formados de dois elementos, não empregamos cada elemento com um sentido próprio.

O verbo é um som composto, significativo, que indica o tempo, e do qual nenhum elemento é significativo por si, como sucede nos nomes. Se digo “chove” estou me referindo ao agora, enquanto que “choveu” está relacionado com o passado.

A flexão é uma modificação do nome e do verbo, que indica uma relação, como “deste”, “a este”, e outras relações análogas.

A expressão (ou locução) é um conjunto de sons significativos, algumas partes da qual tem significação por si mesmas, pois nem todas locuções são constituídas por verbos e nomes.

A linguagem é qualquer processo de comunicação. Podemos fazer por meio da mímica, por meio de luzes que acendem e apagam como num sinaleiro, num semáforo ou pela lingüística que compreende a linguagem escrita e falada.

Nas línguas ocidentais é comum a linguagem escrita ser a mesma que a falada o que não acontece nas línguas orientais onde o que se escreve, embora com mesmo significado, não é o que se fala. Cabe registrar que isso nem sempre é verdadeiro. Encontramos, por esse imenso Brasil a pronúncia de TIA como “tia” ou como “thia”.

Quando pensamos, vêm à nossa mente imagens. Por exemplo, ao pensarmos em montanha, visualizamos mentalmente a figura, a imagem, a fotografia de uma montanha. No Japão, a letra (o ideograma) que significa montanha é um desenho estilizado que tem a aparência de uma montanha. Então a comunicação é direta, sem traduções. Imaginando a montanha “desenhamos” o ideograma e vendo (e não lendo) o ideograma lembramos da montanha. Como curiosidade, veja www.ebanataw.com.br/crise.htm

Nós, os ocidentais, ao pensarmos em montanha temos um percurso longo onde primeiro vem à mente a imagem da montanha e numa segunda etapa associamos a esta imagem outra imagem de símbolos sucessivos, algo como M – O – N – T – A – N – H – A, associados ao fonema “montanha” que se convencionou representar a montanha. Essa mesma idéia é representada por outros símbolos como M-O-U-N-T-A-I-N ou M-O-N-T-A-G-N-E ou B-E-R-G ou G-Ó-R-A.

Por isso, para bem se compreender a natureza e o funcionamento da linguagem, é preciso partir da fala para se examinar em seguida a escrita.

No meu entender, aquele que “fala bem” igualmente “escreve bem”. De maneira análoga, aquele que “ouve bem” igualmente “lê bem”.

A minha tese é que muitas pessoas “lêem mal” justamente por que não aprenderam a “ouvir bem”.

Antes de escrever, o homem contava histórias. Além da função de educar, a tradição oral, mito mais antiga que a arte e a psicologia, expressava um modo de vida particular. Um meio de interpretação da realidade sócio/cultural, exprimindo valores básicos; heranças transmitidas por gerações com simplicidade, primitivismo e poesia. As experiências vividas, as tradições e os valores eram contados e as emoções partilhadas, expressando sentimentos coletivos”. (do prefácio do livro O Contador de Histórias de JD Zanco – Editora Carioba, 2005)

Ao assenhorear-se  dos recursos da língua, cada indivíduo, culto ou ignorante, a executa à sua maneira, de acordo com a sua feição, com o seu temperamento: um é aparatoso, verbalista, ama a riqueza as imagens, a veemência das antíteses, a audácia dos adjetivos extravagantes; outro é sóbrio, cheio de delicadeza e pudor; prefere o desataviado da expressão direta, a singeleza de um vocabulário comum.

Veja o processo de aprendizagem em www.ebanataw.com.br/geroi/watanabe/saber.php

A contribuição pessoal do indivíduo, manifestada na seleção, por ele feita, dos recursos que a língua subministra, é o que se chama, em sentido lato – ESTILO.

Sêneca já havia definido estilo como sendo “o espelho da alma”.

Sofre a língua, forte influência cultural e geográfica. Nascem assim o dialeto, o calão, a gíria e a língua profissional ou termos técnicos.

Estando DENTRO do nosso grupo geográfico, cultural e social, o indivíduo não necessita preocupar-se com todo esse aparato gramatical.

Essa indiferença ganha notável importância no grupo GEROI pois congrega rotarianos e membros da família rotária de todo Brasil e até de outras paragens além mar. Desprovidos da grande formalidade, os geroianos procuram, através da linguagem coloquial transmitir seus (às vezes de outros) pensamentos.

Da mesma forma com que bocetinha, cacetinho e bicha tem significados diferentes, tchê, uai, trilegal, também tem. Indo mais além, determinadas palavras como “companheiro”, “irmão”, “domador”, e tantos outros.

Procure entender um trecho de Guimarães Rosa:

"Diacho, de menino, carece de trabalhar, fazer alguma coisa, é disso que carece! - o Pai falava, que redobrava: xingando e nem olhando Miguilim. Mãe o defendia, vagarosa, dizia que ele tinha muito sentimento. - "Uma póia!" - o Pai desabusava mais. - "O que ele quer é sempre ser mais do que nós, é um menino que despreza os outros e se dá muitos penachos. Mais bem que já tem prazo para ajudar em coisa que sirva, e calejar os dedos, endurecer casco na sola dos pés, engrossar esse corpo!" Devagarzinho assim, só suspiro, Mãe calava a boca. E Vovó Izidra secundava, porque achava que, ele Miguilim solto em si, ainda podia ficar prejudicado da mente do juízo.
Daí por diante, não deixavam o Miguilim parar quieto. Tinha de ir debulhar milho no paiol, capinar canteiro de horta, buscar cavalo no pasto, tirar cisco nas grades de madeira do rego. Mas Miguilim queria trabalhar, mesmo. O que ele tinha pensado, agora, era que devia copiar de ser igual como o Dito
."

Para finalizar, devemos considerar a ÊNFASE que queremos dar à frase. Veja os seguintes expressões:

EU gosto de laranja.

Eu GOSTO de laranja.

Eu gosto de LARANJA.

Embora contenham exatamente a mesma escrita transferem sensações distintas. Ênfases importantes que são amplamente empregadas na linguagem falada com o reforço até de gestos. Os italianos que o digam.

 

5a - RECEITINHA:

O diminutivo é uma escolha intencional pois trata-se de uma “receita” pessoal e, obviamente, não científica nem formal nem oficial.

Ao desejar comunicar, siga os seguintes passos:

1.      Pense na sua idéia.

2.      Analise a consistência da mesma. Para isso, você pode aplicar a Prova Quádrupla. Pense principalmente na terceira afirmativa que diz: “Criará BOA AMIZADE  e MELHORES AMIZADES”. Se for para criticar, ofender, melindrar ou se a sua fala tiver a chance de suscitar desconforto, melindre então não abra a boca.

3.      Esqueça de certas posturas hipócritas que a gente vê muito em filme de Hollywood “eu também não gosto mas é para o seu próprio bem”.

4.      Escolha a métrica da sua narrativa. É um elogio? É um desagravo? Não seria o caso de uma fábula? É mais indireto e menos propenso a melindres. Ou talvez uma parábola. É indireta e não agressiva.

 

Escolhida a métrica siga a receita própria. Na livraria tem um monte de livros a respeito. Talvez um dia eu me atreva a escrever algo a respeito. Talvez crie um site. No mês passado, um jornalista do Rio de Janeiro enviou um email para mim pedindo sugestão para que ele e os colegas, também jornalistas, pudessem criar uma ONG voltada para jovens de favela. Eu dei a sugestão para que eles, como jornalistas, ensinasse os jovens a escrever. Diversos formas de escrita, de métrica. Que eu vejo nos RAPs deles a vontade latente de exteriorizar uma necessidade intima de comunicar mas reprimida pelo desconhecimento das formas.

É que toma muito tempo. Esta matéria, por exemplo, gastei o dia todo. Comecei tipo 9:00 horas e estou beirando as 23:00 horas. Mas não me importo com esse tempo pois essa matéria fazia muito tempo que eu queria escrever. Só ontem, com os comentários do Waldeir, Marcio que criei coragem para escrever.

 

5.      Encontre primeiro uma forma de finalizar. Pense primeiro na Peroração. Lembre-se que a idéia ficará melhor armazenada, melhor sedimentada na cabeça de quem vai ouvir se a mesma terminar com uma Frase de Efeito. Tiver um Gran-Finale.

 

Uma boa idéia não precisa ser compreendida de imediato.

Terminar com a associação da idéia com algo comum, de ocorrência freqüente. Algo como “em resumo essa é a minha idéia, simples e clara como a luz do dia”. Assim, o ouvinte irá relembrar da sua idéia sempre que aquele fato ocorrer. Na conclusão acima, ele vai se relembrar toda vez que o dia clarear. De tanto lembrar, um dia ele vai entender, mesmo que seja muito burro, cabeça dura.

6.      Caracterizado onde você quer chegar, o Gran-Finale, pense no ouvinte. Ou nos ouvintes. Um grande Líder sempre fala para muitas pessoas. No caso do GEROI a gente vê, com freqüência o erro de companheiros que “respondem” à pergunta formulada pelo outro, esquecendo-se que a resposta será lida por 546 outros participantes.

 

É por isso, e para não esquecer disso, que eu costumo saudar com “Prezado fulano e demais do GEROI”.

Analise o nível de compreensão dos ouvintes. Analise a cultura, isto é, a diversidade cultural existente entre eles. Anglo-saxônicos têm valores um pouco diferentes de latinos. A forma de pensar dos ocidentais difere um pouco dos orientais.

Eu sei que no GEROI tem o Roberto Flávio (um professor universitário), tem o Joper (um grande líder que participa de inúmeras instituições), tem o Zago que lê tudo mas só se manifesta de vez em quanto, tem o Alberto, o Waldeir, o Taico, o Hermes, o Carlos, o Roberto Carlos, o Joaquim, o Farão, o Issa, ..... Veja! É uma diversidade (geográfica e cultural) muito grande.

Lembre-se também que a linguagem do ocidental tem uma estrutura do tipo SUJEITO-VERBO-OBJETO, enquanto que no Japão a estrutura é do tipo OBJETO-SUJEITO-VERBO. No Brasil eu digo “Eu quero tomar guaraná” enquanto que no Japão eu diria “Guaraná eu quero tomar”.  Dependendo do contexto a frase não necessita ser concluída. Imaginem um garoto dentro de um bar dizendo “eu quero ... eu quero ... “ e outro dizendo “guaraná ... “.

Encontre uma base comum. Algo que possa ser compartilhado, entendido, alcançado, por todos.

Essa base comum será o seu ponto de partida.

7.      Definido o ponto de chegada e caracterizado o ponto de partida, uma os pontos.

 

Trace um caminho entre a origem e o destino. Procure um caminho curto. Quanto mais rápido você concluir mais chance eles terão de consolidar a sua idéia. Quanto menos você falar, menos complicado, mais fácil será compreender a sua idéia.

Lembre-se sempre que o GEROI  é um Fórum de discussões e não um Tribunal de Julgamento de modo que não tem sentido dizer “concordo com fulano, ciclano” mas sempre devemos concordar ou não com “o que foi colocado”, a “idéia” e nunca, mas nunca mesmo, as pessoas. Não podemos julgar as pessoas no GEROI. Lembrem-se sempre da dialética. Tese – Antítese e Corolário. (www.ebanataw.com.br/geroi/watanabe/saber.php )

Não seja repetitivo. Seja objetivo. Comece no começo e termine no fim. Depois que chegar ao ponto objetivado, não fique enrolando. Pare imediatamente.

Durante a fala, do mesmo modo que você precisa inserir uns intervalos para poder respirar, os ouvintes também precisam de um tempo para “engolir” o que estão ouvindo.

Na escrita acontece o mesmo. Insira espaços, parágrafos para a gente não se perder na leitura.

Lembre-se que o Yahoo espreme o texto em colunas estreitas, tornando difícil a leitura. Com freqüência ou dou um Ctrl-A (isto é copio) e colo o texto copiado dentro do Word com Ctrl-C. Lá eu posso formatar no tipo de letra mais fácil de ler e na largura que facilita o percorrer da leitura.

8.      Pegue um bom editor de textos. Em todos os artigos que escrevo para o GEROI eu não uso o editor do Outlook pois é muito pobre em recursos. Eu faço sempre no Word. Lá eu começo redigindo a ultima frase, a tal frase de efeito, o Gran-Finale.

 

Depois dou umas rápidas digitadas no começo e na medida em que ocorrem lampejos, palavras chaves são digitas no espaço entre o início e o fim.

Fico imaginando como o texto será lido pelos geroianos e mentalizo os companheiros tipo A, os tipo B e os tipo C, isto é, aqueles que vão gostar, aqueles que vão desgostar e aqueles que vão “aprender” com o texto.

Sou professor universitário desde que me formei na USP em 1972, de modo que sempre me preocupo com a didática, de como os alunos irão recepcionar o texto.

Depois de pronto, imprimo o texto para fazer as correções. Ortográfica e gramatical. Tenho 7 livros publicados e viciei-me na “arte” da revisão feita sobre papel.

9.      Para finalizar, dou um Ctrl-T no Word, para copiar tudo, abro o Outlook e dou m Ctrl-V para colar. Complemento o texto com a assinatura padrão Rotary, isto é, com a recomendação do Rotary para as comunicações eletrônicas. Digito o ASSUNTO pois o assunto é uma das diretrizes que uso para abrir ou não um email. Assunto como “viagra”, “grande chance”, “liverjoice”, “ganhe grátis”, “orkut”, “humortadela”, “tiltulo eleitoral”, “emagreça”, “voe gol”, texto em inglês, são automaticamente eliminados pelo meu filtro.

10. Depois de enviar o texto, Copio-o (tecla direita do mouse) para um diretório selecionado (no caso GEROI) e imprimo uma cópia que vai para uma pasta (no caso GEROI). Esse diretório selecionado é por mês e ao finalizar o mês vai tudo para o CD. Tenho todas as mensagens de email que enviei desde o ano 2000. Tudo em CD.

 

 

Veja mais sobre Capacitação em Liderança em:
Gato_42.gif (19003 bytes)
Veja mais sobre o processo de aprendizado em:
Pato_04.gif (9403 bytes)

 

Esta é uma página pessoal que contém uma opinião essencialmente pessoal a cerca do tema Métrica e Estilos de Escrita.
As opiniões são, no fundo, "provocações" feitas aos nobres companheiros rotarianos e são baseadas em contatos, estudos e experiências pessoais e vale-se da liberdade proprocionada pela WEB. Ninguém é obrigado a aceitar, nem se pretende afirmar que as opiniões aqui colocadas sejam verdadeiras. Agora, se você gostou, pode imprimir, copiar e divulgar à vontade.
Roberto Massaru Watanabe
membro do Rotary Club de São Paulo - Tatuapé - EMAIL: roberto@ebanataw.com.br. Watanabe é engenheiro e como tal participou do projeto das grandes obras da engenharia nacional como a Rodovia dos Imigrantes e as hidrelétricas de Ilha Solteira, Itaipú e Tucurui. Nesses empreendimentos, adquiriu muita prática na organização e condução de grandes equipes.

RMW\GEROI\METRICA.htm em 20/05/2007, atualizado em 22/05/2009 .

    RMW-5243-03/10/2024