OBRAS DE TERRAPLENAGEM

CORTE

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Realizamos um corte quando queremos implantar um platô, isto é, uma área plana para, por exemplo, construir a casa no meio do talude.

Realizamos também um corte em Área de Empréstimo para tirar a terra que vamos usar em um aterro próximo.

Quando removemos a camada superficial de um talude estamos colocando à mostra as camadas internas do solo.

Como vimos no capítulo 1, a terra é formada através das alterações metamórficas que as intempéries produzem na rocha original.

No capítulo 2 vimos que qualquer solo encontra-se em determinada fase dessa metamorfose e comumente encontramos um perfil do solo do seguinte tipo:

Nem todas as camadas servem para aterro.

A camada superficial é uma terra muito boa para a agricultura mas péssima para a construção. Não serve para aterros e deve ser descartada.

A segunda camada, conhecida como colúvio ou aluvião também é uma terra que não serve para aterro pois contém muitas raízes e também restos orgânicos que infiltraram no terreno, urina e lixo. Não serve para aterrros e deve ser descartada.

A terceira camada é a camada ótima para aterros. Na sondagem geológica, retirar uma mostra dessa camada e enviar para o laboratório para a determinação da Coesão e da Plasticidade. Procure determinar com cuidado a profundidade em que esta camada começa e termina para podermos calcular o volume escavável.

A quarta camada é composta, geralmente, por silte que é um material entre a argila e a areia. Possui a coesão que a areia não tem mas não tem a plasticidade que a argila tem. Dependendo do tipo de aterro que vamos executar esse material pode ser aproveitável. Da mesma forma que a argila, retirar uma amostra dessa camada e enviar para análise laboratorial.

A quinta camada é uma camada de alteração de rocha e é uma mistura de rocha fragmentada e areia. Material de difícil compactação de modo que não serve para aterro. Se você tiver como lavar, separando o grosso do fino, então poderá obser excelente material para fazer filtro de drenagem.

A sexta camada é uma camada de rocha fragmentada. Não serve para aterro mas, quando lavada, produz excelentes pedras que podem ser empregadas para se construir muro de arrimo e de contenção.

Você deve fazer uma sondagem geológica em toda a área que pretende usar como área de empréstimo e calcular o volume de argila disponível.

Não se esqueça de verificar a legislação aplicável no local. Talvez você tenha que arcar com o custo de restituição ecológica.

A escavação da terra é feita com equipamentos tipo pá carregadeira:

COEFICIENTE DE AFOFAMENTO:

Há uma diferença de volume entre a área cortada e a terra fofa.

Quando você faz um buraco de extamente 1 metro por 1 metro e por 1 metros, vai ter um buraco de exatamente 1 metro cúbico. Se o buraco foi feito para, por exemplo, encaixar uma piscina, você vai conseguir encaixar uma piscina de exatamente 1.000 litros.

O mesmo não podemos falar da terra que saiu do buraco. Embora o buraco tenha 1 metro cúbico, a terra retirada vai sofrer um processo de afofamento e ganhar volume. Dependendo do tipo de material o volume fofo pode ser de até 1.400 litros.

Podemos relacionar o volume natural Vn com o volume solto Vs através do coeficiente de afofamento Ka: Vs = Ka x Vn.

O Ka varia muito, de material para material, mas em valores médios é algo do tipo:

TIPO DE MATERIAL Ka
Solos Argilosos 1,40
Solos Siltosos 1,25
Solos Arenosos 1,12

Se você pretende pagar pela terra retirada da Área de Empréstimo, procure deixar claro qual é o volume e de que modo você pretende medir. Se você medir o buraco vai ver que o buraco tem 1.000 litros. Se você medir no caminhão verá que a terra, no caso de argila, tem 1.400 litros.

EXEMPLO:

Vejamos o caso do corte efetuado para implantação de casa em terreno inclinado. Na página  vimos que uma das formas de aproveitamento do terreno em aclive é:

Em detalhes temos:

 

Em terrenos de argila de boa qualidade, podemos ter, por um tempo curto, um talude vertical. Resulta um talude de 4,30m de altura. Esse talude vertical será contido por um muro de arrimo tipo flexão com apoio em estaca e buzinotes para drenagem.

A camada superficial de terra inservível é de 60 centímetros que deve ser descartada. O recorte para apoio da fundação do muro será de 1,50m por 0,80m.

Durante o corte do terreno, tomar o cuidado de deixar uma superfície o tanto quanto possível plana pois o terreno será utilizado como forma da concretagem do muro.

Não é recomendável realizar o corte no período de chuvas (entre novembro e março) pois o talude se torna muito instável pela percolação da água. Veja mais detalhes em

Antes de iniciar o corte preparar a forma e a armadura do muro de arrimo. Ver detalhes em 

RMW\terrapleno\corte.htm em 26/12/2009, atualizado em 05/01/2010.