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RECURSOS HÍDRICOS NO BRASIL

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DEMANDA

 

DEMANDA é o volume de água necessária em um processo.

É importante ter consciência de que não existe "consumo" de água, pois consumo de um certo produto é quando o produto deixa de existir sendo transformado em outros produtos. "A banana que estava sobre a mesa foi consumida (comida)".

A água do copo, quando bebida, não deixa de existir, ela apenas passou do copo para o corpo da pessoa. Dalí a pouco ela sairá do corpo na forma de suor ou na forma de urina.

Outro conceito equivocado encontramos no provérbio que diz "Águas passadas não movem moinho". Embora compreensível, pelo significado, ao pé da letra a água passada "move sim" novamente o mesmo moinho por causa do Ciclo Hidrológico da Água.

SERVIÇO DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA:

Podemos entender como Serviço de Abastecimento de Água qualquer iniciativa, seja individual ou de um grupo de pessoas que organiza algum mecanismo, como uma cisterna, para o armazenamento de água, deixando de simplesmente captar a água no rio.

Dizem, por aí, que há um mínimo de volume de demanda e citam números do tipo 110 litros por dia por habitante e credenciam tais números com referências tipo Organização das Nações Unidas para servirem de parâmetro para o estabelecimento de críticas ao desperdício.

O Corpo Humano é feito com cerca de 70% de água e essa água é utilizada pelo corpo para o transporte de nutrientes, manutenção da temperatura e muitas outras funções metabólicas. Então, para manter vivo e ativo este corpo, precisamos repor a água que o corpo perde.

As pessoas se juntam na forma de aglomerados humanos por diversos motivos. Um pequeno aglomerado isolado pode ser formado por algumas poucas famílias e as necessidades de um "serviço de abastecimento" pode ser suprido por apenas uma cisterna que armazena a água colhida da chuva, água esta utilizada para beber e o preparo dos alimentos. Tomar banho e lavar roupa são atividades desenvolvidas no rio ou na lagoa próxima.

Para estas pessoas, número do tipo 110 litros por habitante por dia são mais que suficientes.

A formação de um pequeno aglomerado urbano com a instalação de bares, lanchonetes, restaurantes, pensão e hotéis aumenta a demanda pois, no atendimento público, há necessidade de maior frequencia na lavagem de pratos, panelas e de chão. Então a demanda sobe para 150 lhd.

A melhoria do poder aquisitivo dá origem a demandas como "lavar o carro", "irrigar o jardim" e ter piscina em casa.

Quando se constroi um hospital, então a demanda aumenta consideravelmente pela necessidade de lavagem e esterilização de roupas de cama e outras necessidades fazendo subir a demanda para mais de 200 lhd.

O turismo, de lazer, de negócio, religioso ou outro atraem pessoas de fora que formam populações flutuantes que demandam pousadas, hotéis, estação rodoviária, aeroportos e outros empreendimentos que por questões sanitárias demandam quantidades significativas de água. Em cidades frias há a necessidade de produção de água quente e em cidades litorâneas a demanda é por mais chuveirada e lazer na beira de piscinas. A demanda sobe para mais de 300 lhd.

Cidades que concentram grandes centros hospitalares ou clínicas especializadas promovem o turismo hospitalar e tanto os hospitais onde os pacientes ficam internados como os hoteis, pensões e pousadas onde os acompanhantes ficam hospedados demandam grandes quantidades de água. Facilmente ultrapassamos os 400 lhd.

Metrópoles desenvolvidas e com população "civilizada" possuem hábitos saudáveis como lavar as mãos antes das refeições e higiene bucal após. Restaurantes e Praças de Alimentação possuem locais apropriados para essa higiene.

Em países subdesenvolvidos é comum encontrarmos "secadores de mãos" a ar quente e não há papel toalha de modo que não é possível lavar o rosto pois não há como enxugar. Quem usa óculos não tem onde colocá-los. Se você usa chapéu ou boné ou quer tirar o blazer não tem onde pendurá-los. Também não há pias para apoiar os apetrechos de higiene bucal pois os lavatórios disponíveis são pequenos e estreitos além desses lavatórios estarem situados ao lado de fétidos mictórios e com o ralo entupidos.

Estes hábitos mais "civilizados" demandam maior quantidade de água e podemos encontrar volumes de 600 litros por habitantes por dia.

Há também casos de usos que "nós não conhecemos" como é o caso do "lixo orgânico" que sendo proibido de ser jogado em sacos, e que portanto não são coletados, sendo de descarte obrigatório na pia da cozinha onde tem instalado um triturador que moe o lixo e que depois é transportado pela água pela rede pública de coleta de descarte orgânico. É bem mais racional e elimina milhares de caminhões coletores de lixo doméstico circulando pela cidade e evita-se a formação de montanhas de sacos de lixo nas esquinas e também baratas e ratos.

Recentemente, um jornal de grande circulação nacional apresentou uma tabela com as demandas por estado brasileiro sem tipificar as características regionais de cada um. Trata-se de uma comparação perigosa quando se diz que no Rio de Janeiro, tipicamente turístico, se "consome" 253 lhd enquanto que no Rio Grande do Sul o "consumo" é de apenas 152 lhd.

PERDAS NA REDE DE DISTRIBUIÇÃO:

Outro enfoque perigoso é quando se fala em "perdas na distribuição". Enquanto que em muitos países a "perda" é o volume perdido em vazamentos na rede, no Brasil, grande parte daquilo que chamamos de "perdas" se deve a "gatos", isto é, ligações clandestinas feitas na calada da noite. Não é só favelado e povo pobre da periferia que faz "gato" de água, havendo muitos casos de clínicas e condomínios que não "consomem" água da rede pública dando a entender que se abastecem de poço de abastecimento próprio, quando na verdade a água provém de uma ligação clandestina feita, por "debaixo da terra", na rede pública.

Se na rede de distribuição de energia elétrica que é aérea e visível por qualquer um existem milhares de casos de "gatos" e ninguém fala nada, nem mesmo a concessionária, o que se dirá da rede de água que é enterrada e ninguém vê?

CASO CURIOSO:

Outro caso muito curioso é a "água mineral natural" com o mesmo teor de fluor que o da rede pública de abastecimento.

DEMANDA POR TIPO DE ATIVIDADE:

Não são números absolutos, mas só para ter uma ordem de grandeza relativa, veja alguns valores médios.

ESCOLA PRIMÁRIA 40
ESCOLA SECUNDÁRIA 70
RESIDÊNCIA UNIFAMILIAR 140
RESIDÊNCIA MULTIFAMILIAR 200
EDIFÍCIO DE ESCRITÓRIO 170
HOSPITAIS 1.300
HOTEIS 1.500

Como se vê, não é possível ter uma referência única para a demanda de água. Numa cidade como São Paulo, encontramos diferenças substanciais de um bairro para outro no volume da demanda em função do tipo de avitividade predominante na região.

\RMW\recursoshidricos\.htm em 21/03/2008, atualizado em 23/01/2015.