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CALOR DE HIDRATAÇÃO

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Calor de Hidratação é o calor gerado durante a reação química entre o cimento e a água.

O cimento contém substâncias como os Silicatos e os Aluminatos que a reação com a água se dá por meio de reações exotérmicas, isto é, reações que produzem calor.

O calor gerado na hidratação irá esquentar a peça podendo atingir temperaturas altas chegando a produzir fissuras nocivas ao desempenho da peça que além de diminuírem a resistência mecânica da peça permitirá a penetração de água ou a infiltração da umidade do meio ambiente.

A reação tem início logo que o cimento entra em contato com a água, segue um aumento da quantidade produzida, existe um pico e depois uma rápida queda. A reação de hidratação tende a diminuir e até completar pode levar alguns anos.

Cada tipo de cimento, em função da sua composição química (mais ou menos silicatos e aluminatos) apresenta sua própria curva de calor.

Veja um exemplo genérico:

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Os efeitos nocivos podem ser combatidos, contornados ou eliminados mediante iniciativas práticas.

 

O QUE SE PODE FAZER

1 - Projetar peças mais esbeltas.

O calor produzido deve ser eliminado através do contato com o ar do meio ambiente.

O concreto é um péssimo condutor de calor. Assim uma determinada caloria deve “caminhar” dentro da peça até atingir a superfície livre.

Em um pilar de, por exemplo, 40 X 50 centímetros o calor gerado no centro do pilar precisa caminhar pelo menos 20 centímetros até atingir a face do pilar.

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Você pode pensar em adotar uma outra seção transversal para o pilar. Lembre-se que na flexo-compressão, somente uma parte da seção é solicitada à compressão. Uma seção do tipo abaixo irá melhorar o comportamento da peça frente à flexo-compressão, vai criar um espaço importante para a instalação de tubulação além de diminuir a distância que o calor gerado precisa percorrer para atingir a superfície livre.

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2 - Utilizar um cimento com menor calor de hidratação

Há cimentos que produzem menos calor. Segundo a norma NBR 13116, Cimentos de Baixo Calor de Hidratação são aqueles que despendem até 260 J/g e até 300 J/g aos 3 dias e 7 dias de hidratação respectivamente. Existe um ensaio que permite classificar o cimento. O ensaio é executado de acordo com a norma NBR 12006 - Determinação do Calor de Hidratação pelo Método da Garrafa de Langavant.

Outra possibilidade é adicinar ao concreto uma aditivo do tipo retardador de pega. Neste caso, a quantidade de calor de hidratação será a mesma porém a produção do calor se dará em um tempo muito maior, tempo este suficiente para que o calor gerado seja dissipado para o meio ambiente.

3 - Utilizar agregados menos quente

 

Na obras é comum deixar a areia e a brita armazenadas em montes ao relento, recebendo os raios solares. Num dia de verão, os agregados estão quentes.

O concreto produzido com o emprego desses agregados quentes irá produzir temperaturas elevadas no seio da peça. Coisa do tipo 700C.

Armazenar os agregados em local abrigado ou com uma lona por cima ajuda a manter a temperatura dos agregados mais baixa.

 

4 - Concretar ao finalzinho da tarde

 

Evitar a concretagem na hora do almoço. A peça concretada ficará sub sol forte a tarde toda, com elevação da temperatura a valores que produzem fissuramento da peça.

Além disso, o calor intenso irá promover a evaporação da água de amassamento, podendo chegar à situação em que o concreto não dispõe mais de água necessária para a reação de hidratação.

Ao concretar no finalzinho da tarde, a cura da peça irá se desenvolver durante o período noturno, longe do calor do sol.

Outra alternativa boa é concretar em dias nublados e melhor ainda é concretar em dias chuvosos.

 

5 - Usar um concreto mais frio

 

Você pode abaixar a temperatura do concreto na hora do lançamento.

Ao usar água gelada ou gelo picado, você estará compensando antes o calor que será produzido na cura.

Na concretagem de peças de grandes dimensões como em Barragens e Usinas Hidroelétricas é comum essa prática.

6 - Refrescar a peça durante a cura do concreto.

Para ajudar na dissipação do calor gerado, pode-se manter uma irrigação da peça o que pode ser feito por meio de chuveirinhos, burrifadores, irrigadores, aspersores e atomizadores.

Manter a água jorrando durante todo o período crítico de cura do concreto. Começar logo depois da vibração e manter por pelo menos 48 horas.

7 - Concreto de Grandes Massas

Na concretagem de peças de grandes dimensões como os pilares de Vertedouro de barragens de concreto ou de Tomada d´Água de usinas hidroelétricas, é comum a construção de pilares com seção transversal de grandes dimensões.

Você que está acostumado a calcular pilares com 40 X 50 centímetros, não terá muita dificuldade em calcular um pilar de 40 X 50 metros.

Os procedimentos são muito parecidos e a armadura dos pilares é também parecida. Só que em vez de escolher ferro de 3/16 você vai escolher ferro de 3 polegadas.

Veja a armadura de um dos pilares do vertedor de Tucurui: 

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Se não forem tomadas medidas para propiciar a rápida dissipação do calor gerado, a temperatura no seio da massa de concreto pode atingir valores acima do ponto de ebulição da água.

Então, a concretagem é feita em camadas, deixando-se a superfície superior toda livre para a dissipação do calor.

A altura da Camada de Concretagem é determinada em função do tipo de cimento empregado, da temperatura do meio ambiente no ato do lançamento e também da temperatura da massa de concreto.

Resultam tabelas denominadas Tabelas de Lançamento de Concreto. Essa tabela é do seguinte tipo:

TEMPERATURA DO
CONCRETO NO
LANÇAMENTO
TEMPERATURA
DO MEIO AMBIENTE
ALTURA MÁXIMA
DA CAMADA DE
LANÇAMENTO
40C 260C 90 cm
40C 270C 86 cm
40C 280C 80 cm
40C 290C 75 cm

Para se assegurar que a temperatura do concreto na hora do lançamento esteja dentro da faixa desejada, é feito um cálculo em que se determina a temperatura na hora do amassamento. Em obras grandes a central de produção de concreto situa-se às vezes há quilômetros de distância e o aquecimento adquirido no transporte é levado em consideração.

Mesmo uma obra que tenha 120 metros de altura como a barragem de concreto de Itaipu é concretada em camadas dessa ordem de grandeza, da ordem de 90 centímetros e a concretagem total do pilar pode levar alguns meses.

Para não perder tempo no cronograma, uma seqüência de muitas tomadas d´água é segmentada em blocos distintos e cada um desses blocos vai sendo concretado alternativamente empregando-se formas deslizantes.

Veja um determinado instante de dois blocos do vertedor de Tucurui.

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As etapas de concretagem dos blocos ficam em alturas diferentes para permitir a fixação da forma deslizante.

Eis uma vista geral de montante com os blocos em estágios diferentes de concretagem:

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 Eis uma vista geral de juzante, com as águas desviadas para as adufas:

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Eis uma foto do autor, quando acompanhava a obra, em janeiro de 1982.

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NOTA IMPORTANTE: A execução de toda e qualquer obra de concreto, por envolver questões de segurança e de responsabilidade civil, deve ser acompanhada por um técnico resposável com registro na Prefeitura Municipal. As dicas acima são meramente ilustrativas e só tem valor didático. Pelo aspecto pedagógico envolvido, as matérias e figuras podem ser livremente copiadas e distribuídas.

ET-10\www\roberto\concreto\conc10.htm em 31/12/2008, atualizado em 01/01/2009