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3 - ENCHENTE, TRANSBORDAMENTO, INUNDAÇÃO, ALAGAMENTO

 

Conceitos

Para compreender por que ocorrem as enchentes  nos rios, vamos ilustrar com um desenho, onde temos uma caixa d'água com 2 canos. Um dos canos é o cano de entrada e o outro é o cano de saída.

Vai transbordar

O cano de entrada abastece a caixa com uma vazão de água Qe que é a vazão de entrada. O cano de saída esvazia a caixa com uma vazão Qs que é a vazão de saída. Comparando a vazão de entrada com a de saída podemos encontrar uma das 3 situações seguinte:

Qe = Qs  a vazão que entra é igual à vazão que sai

Qe > Qs  a vazão que entra é maior que a vazão que sai

Qe < Qs  a vazão que entra é menor que a vazão que sai

Se a cidade de São Paulo, por exemplo, fosse uma enorme caixa d'água, diríamos que possui muitos e muitos canos de entrada que são os rios que trazem água das cidades vizinhas como São Bernardo do Campo, Santo André, Mauá, Ferraz de Vasconcelos, Poá, Itaquaquecetuba, Arujá e Guarulhos além dos milhares de "canos invisíveis" que são formados pela chuva. Toda essa água que entra podemos representar pela variável Qe.

Embora tenha muitos "canos de entrada", a cidade de São Pualo tem apenas um único cano de saída. É o rio Tietê na divisa com o município de Osasco. A vazão que passa pelo rio Tietê na divisa com Osasco é a vazão de saída de São Paulo. Representamos com Qs.

As enchentes do rio Tietê ocorrem por duas razões:

1 - a vazão que entra é maior que a vazão que sai;

2 - A vazão que sai é menor que a vazão que entra.

Ué! Não é a mesma coisa?

Não. É como o Vendedor e o Comprador. Os dois são especializados em operações comerciais. Dominam a técnica de negociação mas são diferentes. O bom Vendedor não é necessáriamente bom comprador e o bom Comprador não é necessáriamente bom vendedor.

Na ciência da hidraulica fluvial também encontramos diferenças como esta. É claro que tanto um como outro quer evitar que a caixa d'água fique cheia a ponto de transbordar.

Equilibro

Mas, tecnicamente falando, temos duas maneiras de resolver o problema:

Aquele que pensa que a enchente é causada pela grande "vazão que entra" vai estudar, calcular, aprofundar e até se especializar, até nas grandes universidade e institutos de hidráulica, nas obras que "seguram" a vazão de entrada. Isso leva tempo - Mestrado, Doutorado, PhD, etc. Acabarão se tornando "expert" em Barragens, Reservatórios, Piscinões, Dentes retardadores de vazão, rugosidade para diminuir a velocidade da água e outras obras, dispositivos e equipamentos. Todos com esse conceito de "segurar" a água.

O outro que pensa que a enchente é causada pela pequena "vazão que sai" vai estudar, calcular, aprofundar e até se especializar, até em grandes universidades e institutos de hidráulica, nas obras que "soltam" a vazão de saída. Isso leva tempo - Mestrado, Doutorado, PhD, etc. Acabarão se tornando "expert" em Canais de Fuga, Túneis, By-Pass, ertedouros, Descarregadores, hidrodinâmica, rugosidade para aumentar a velocidade da água e outras obras, dispositivos e equipamentos. Todos com esse conceito de "soltar" a água.

Qual dos dois está certo?

Os dois. A solução, tecnicamente falando, pode ser alcançada ou segurando a água que entra como também soltando a água que sai.

 

Vejamos quais são os fundamentos adotados na solução atualmente "mais preferida" pelos governantes, tanto do Estado de São Paulo, a quem o rio Tietê "pertence" como também do Município de São Paulo, a quem os afluentes, com excessão do Tamanduateí, pertencem.

O Plano Diretor de Macrodrenagem da Bacia do Alto Tietê, elaborado e aprovado em 1988 que ficou conhecido como PDMAT e depois revisado e atualizado por duas oportunidades sendo conhecidos como PDMAT2 (2009) e PDMAT3 (2012).

A idéia central desses planos estratégicos é "segurar" os rios, ou melhor, "segurar" as águas dos afluentes do rio Tietê, evitando que as águas da chuva cheguem rapidamente ao rio Tietê.

Para "segurar" as águas e impedir que as águas da chuva cheguem ao rio Tietê, três tipos de obras são adotadas:

1 - 143 piscinões.

2 - Retentores (construidos ao longo do rio).

3 - Restrição da vazão de entrada no rio Tietê.

Restrições de Vazão

Com isso, não se fala mais no rio Tietê. Não se fala mais em aumentar ou aprofundar a calha do rio Tietê. Para evitar uma enchente no rio Tietê, basta "segurar" as águas nos seus afluentes impedindo que elas entrem no rio Tietê.
RIO OU CÓRREGO VAZÃO MÁXIMA
Aricanduva 280 m3/s
Tamanuateí 484 m3/s

 

 

 

 

Uma pergunta final: Se, mesmo as previsões antigas apontam para vazões da ordem de 714 m3/s na foz do rio Aricanduva, para um período de recorrência de apenas 100 anos, como será possível ter o controle do limite fixado para deságue do rio Aricanduva de apenas 280 m3/s no rio Tietê?

Proibido entrar no rio Tietê.

 

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\ET5\chuvas\enchente.htm em 09/02/2002, atualizado em 26/01/2013.