PAR GALVÂNICO

 

 

A EXPERIÊNCIA DO PAR GALVÂNICO

Toda vez que colocamos metais diferentes dentro de um meio aquoso forma-se um par galvânico.

Cada tipo de metal tem seu próprio potencial galvânico. Veja uma tabela com o potencial galvânico de alguns metais:

MATERIAL VOLTS
FERRO -0,44
PRATA +0,80
COBRE +0,34
ZINCO -0,76
ALUMÍNIO -1,66
CROMO +1,33

Observe que alguns metais tem potencial galvânico POSITIVO enquanto que outros tem potencial galvânico NEGATIVO, além do valor do potencial que varia de material para material.

A experiência da pilha galvânica é feita colocando-se uma barra de alumínio e uma barra de cobre dentro de um recipiente com água. Por causa da diferença de potencial galvânico (o alumínio com -1,66 e o cobre com +0,34) forma dentro da água íons negativos (ÂNIONS) e íons positivos (CÁTIONS).

Ora, íons de sinais contrários se atraem e forma-se, naturalmente, uma correte elétrica (dentro da água) conhecida como Corrente Galvânica.

Do lado de fora do recipiente, podemos colocar uma lâmpada ligada, de um lado no alumínio e do outro no cobre. A lâmpara vai acender graças a uma corrente elétrica que flui do catodo para o anodo.

Figura 1: Experiência da pilha galvânica.

 

Em vez do alumínio e do cobre, qualquer par de outros metais pode ser utilizado na experiência, desde que tenha potencial galvânico diferente e quanto maior a diferença entre os potenciais galvânicos maior será a corrente elétrica resultante.

As pilhas (do farolete, do radinho, etc.) e as baterias (do celular, do notebook, carro elétrico, etc.) se baseiam nesse princípio de funcionamento. Antigamente só se usava o chumbo mas passou-se a usar outros metais e surgiram pilhas e baterias de níquel, de cádmio e as de lítio.

Durante o funcionamento da pilha galvânica um dos eletrodos vai sendo desgastado. No caso do exemplo acima, o alumínio vai sendo desgastado, isto é, ele vai sumindo com o tempo. Vai ficando fino, mais fino até que desaparece por completo.

Na reação quimica que se forma, o oxigênio da água (H2O) transforma o alumínio no óxido de alumínio.

A CORROSÃO ELETROLÍTICA NA NATUREZA

Na natureza encontramos essa experiência em tudo quanto é canto, inclusive no solo debaixo de nossas casas.

Figura 2: Pilhas Galvânicas que se formam no solo.

Partículas de ferro, cobre, alumínio e outros metais estão misturadas à terra e com a umidade formam-se milhões de pares galvânicos, alguns funcionando como ANODO e outros funcionando como CATODO.

Aqueles que fazem o papel de ANODO (os metais de potencial galvânico negativo como o Ferro e o alumínio) vão sendo desgastados e transformados nos óxidos correspondentes.

Trata-se de um processo expontâneo e natural. É assim que uma lata de refrigerante (de ferro ou de alumínio) vai sumindo com o tempo. Sumindo significa vai enferrujando, enferrujando. É assim que a natureza "limpa" o meio ambiente.

A CORROSÃO INDESEJÁVEL

Na natureza é bom que aconteça a oxidação pois vai transformar os metais (geralmente sólidos) em sais solúveis que irão servir de nutrientes para as plantas e também formam a base de proteínas no organismo dos seres vivos (necessitamos de proteínas e sais minerais como o ferro, as vitaminas, etc.). 

Entretanto, há casos em que a oxidação é indesejável.

Porta de ferro, janela de alumínio, cano de ferro, etc. "não deveriam" se oxidar mas oxidam, enferrujam. Mesmo não estando enterrados, sofrem com a oxidação pois a umidade presente no ar cria pares galvânicos que corroem os metais. O processo é mais agressivo em ambientes poluidos, como nas grandes metrópoles, e em ambientes salinos como na beira mar. 

Veja o que ocorre com um cano de água de ferro enterrado:

Figura 3: Cano de ferro enterrado faz o papel de ANODO 
e é corroído no processo de corrosão eletroquímica.

A corrosão vai afinando as paredes do cano e com o tempo a parede não suporta mais a pressão interna da água e arrebenta causando muitos danos às casas.

Há casos especiais em que se utiliza como aterramento partes da estrutura de concreto armado do prédio. Tais casos especiais são realmente especiais e cuidados muito especiais devem ser tomados pois a corrosão eletroquímica ataca também o ferro da estrutura do prédio e com o tempo há comprometimento da segurança do prédio. Veja casos em que 28 anos depois se descobriu que um fenômeno denominado Reação Álcali Agregado atacou os blocos da fundação e foi isso que derrubou o prédio - .

É muito difícil controlar os fenômenos que ocorrem no solo. Por isso é bom que todo o sistema de proteção contra as descargas elétricas atmosféricas seja instalado em locais visiveis e acessíveis para a importante e necessária inspeção periódica.

Não vale a pena economizar alguns metros de cabo de cobre pois os riscos e os cuidados necessários são enormes. A corrosão galvânica, a reação álcali agregado e outros fenômenos como variação do lençol freático podem afetar partes estruturais importantes do prédio e colocar em risco a sua segurança e a estabilidade do prédio.

Tem como evitar essa desgraça?

A PROTEÇÃO DE INSTALAÇÕES ENTERRADAS

Existem duas formas básicas de proteção:

Proteção Anódica: 

Nesse tipo de proteção, aplicamos sofre o cano de ferro (ou janela de alumínio, etc.) uma película protetora. Pode ser uma tinta zarcão, um processo conhecido como anodização, um outro processo conhecido como anodização, etc. 

A película depositada forma uma barreira que protege o metal não deixando ele (o metal) funcionar como ANODO.

Proteção Catódica:

Nesse tipo de proteção, colocamos um outro metal para ser corroído. Esse outro metal é conhecido como ANODO DE SACRIFÍCIO e deve ter um potencial galvânico maior que o metal a ser protegido.

No caso do exemplo acima (do cano de ferro enterrado) podemos enfiar barras de alumínio nas proximidades do cano.

O alumínio que tem potencial galvânico bem maior que o do ferro, vai atrair para si os íons que se formam. No processo, quem acaba sendo corroído é o alumínio não acontecendo nada com o ferro.

O ferro fica protegido pois um outro metal está sendo corroido (consumido) no lugar dele. Isso funciona bem enquanto tiver alumínio pois quando acaba o alumínio, os CATODOS existentes no solo começam a consumir o ferro.

Figura 4: Barras de alumínio servem de ANODO DE SACRIFÍCIO, 
sendo corroídas no lugar o cano de ferro.

SISTEMAS DE ATERRAMENTO

Em um edifício, várias coisas precisam ser "aterradas" em função de diversos fenômenos elétricos que ocorrem no prédio.

Básicamente, existem TRÊS sistemas de aterramento necessários:

1 - Aterramento da Descarga Elétrica Atmosférica (raios);

2 - Aterramento Elétrico dos Aparelhos Elétricos;

3 - Aterramento Eletrônico dos Equipamentos de Alta Frequencia.

O Aterramento da Descarga Elétrica Atmosférica vai dar um fim à eletricidade trazida pelo raio. São mais de 50 milhões de Volts que podem danificar aparelhos, matar árvores, pessoas, romper partes do prédio, etc. Quando mais rapidamente conseguirmos dar um fim a esta eletricidade menos danos ela vai causar em nós e em nossas coisas.

O Aterramento Elétrico dos Aparelhos vai evitar que a gente "leve um choque elétrico" ao mexer neles. Chuveiro, Torneira Elérica, Lavadora de Roupas, etc. devem ter uma ligação conhecida como Ligação à Terra para que eventuais correntes de fuga não venham a nos atingir. São tensões baixas (220 Volts no caso do chuveiro e 110 Volts nos demais aparelhos) que não chegam a matar mas são desagradáveis).

O Aterramento Eletrônico vai desviar principalmente a eletricidade estática que pode queimar componentes sensíveis como os CHIPS de computadores, televisores, notebooks, etc. Uma das fontes mais comuns de eletricidade estática dentro de casa somos nós mesmos. Não é "nós" que levamos um choque ao tocar no computador mas sim o contrário, isto é, é o computador que "leva um achoque" com o nosso toque.

Uma coisa muito importante é não misturar esses três sistemas. Os três sistemas devem ser totalmente independentes um dos outros.

Muitas pessoas "acham" que se pode colocar tudo num único sistema, mas isso é um engano muito grande. Na queda de um raio, por exemplo, estará passando pelo sistema do pára-raios correntes de mais de 50 milhões de Volts.  Se o sistema de aterramento elétrico ou o sistema de aterrramento eletrônico estiverem ligados nele ocorrerá a queima de televisores e computadores.

Se tais aparelhos estiverem sob cobertura de uma Apólice de Seguros é bem possível que a Seguradora se negue a indenizar os prejuízos. Então, você que mora em um prédio em Condomínio, procure verificar com o Síndico se os sistemas de aterramento são totalmetne independentes um dos outros.

RMW\Raios\par gavanico.htm em 11/09/2011, atualizado em 13/09/2011.