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O QUINTO DOS INFERNOS

21/04/2007

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      Eu tenho andado muito por aí e observado que

a expressão "O Quinto dos Infernos" não tem nada a ver com o Inferno dos católicos. Trata-se de uma expressão de desagravo citado pelos cidadãos de Minas Gerais quando aparecia o Coletor de Impostos da Coroa de Portugal.

Na quela época, os mineiros eram obrigados a pargar Um Quinto, isto é, 20% a título de imposto para a Coroa portuguesa. Uma ninharia comparada às alíquotas aplicadas nos dias de hoje, mais de 58%.

Eu tive a curiosidade de levantqar alguns fatos históricos dessa época 1700~1800.

 

1a ATO - A BANDEIRA DE FERNÃO DIAS PAIS:

Com 63 anos de idade e muita experiência com bandeiras pois participara da bandeira de Raposo Tavares, recebeu o convite do Governo de Portugal para organizar uma Bandeira para procurar prata e pedras preciosas.

Aceitou sem restrições e para surpresa do Governo, disse que patrocinaria do próprio bolso a expedição. Então o rei prometeu lhe dar o título de Governador das Esmeraldas.

Organiza a sua Bandeira na região do Tatuapé (onde 274 anos mais tarde nasce Watanabe) levando mais de 2 anos nesses preparativos. A Coroa ainda lhe emprestou 215 mil réis.

Parte de São Paulo no dia 21/07/1674 levando seu filho Garcia Rodrigues Pais e seu genro Borba Gato. Bandeira de grandes dimensões demorava para avançar. Os jovens, sem a tenacidade dos mais velhos, cansavam-se com facilidade e encontrando belas índias iam “ficando” ... “ficando”. Assim, ficaram em Mairiporã (Cidade Bonita), em Atibaia (Lugar Saudável), Piracaia (Cardume de Peixe), Itapeva (Pedra Chata), Camanducaia (Campos de Feijão), Cabuí (Tipo de Fruta) ...  Espero que os políticos não mudem o nome da Rodovia, pois seu traçado é a própria história.

Atravessou a serra da Mantiqueira, seguiu o rio da Velhas, atravessou o Vale do Jequitinhonha chegando até a lagoa de Vupabuçu.

Percorreu os sertões de Minas durante 7 anos. Fracassou, não encontrou nada. Retornou a São Paulo e morreu em 26/06/1681, acreditando ter encontrado as famosas Esmeraldas na lagoa de Vupabuçu, mas eram, na verdade, simples turmalinas sem valor.

A importância de Fernão Dias, é que a sua bandeira serviu de inspiração para inúmeras outras bandeiras que povoaram a estado de Minas Gerais.

2a ATO - A EXPEDIÇÃO DE MANUEL BORBA GATO:

Genro de Fernão Dias, seguiu a trilha aberta por seu sogro e descobriu ouro em Sabará em 1700, onde fundou o Arraial de Santana, também conhecido como Arraial Velho.

Tinha tanto ouro que logo atraiu a ganância de milhares de pessoas, inclusive da Coroa Portuguesa que instituiu o imposto do 1/5. Que gerou, mais tarde a famosa frase: Ao quinto dos infernos.

Borba Gato ganhou muita confiança do governo Português e era Chefe de tudo quanto é coisa que o governo inventava. Sendo paulista, despertava a inveja dos cariocas.

3a ATO - O GRANDE DESENVOLVIMENTO DAS MINAS GERAIS:

A descoberta do ouro em Minas, propiciou o rápido desenvolvimento de Minas. Era necessário, entretanto, comida e roupas para toda aquela população.

Aproveitou-se São Paulo, dessa situação, plantando comida e confeccionando roupas para vender em Minas.

Foi dessa maneira que o estado de São Paulo e principalmente a Cidade de São Paulo teve um grande desenvolvimento no século XVIII. Nessa época, na cidade de São Paulo só se encontrva crianças, mulheres e velhos pois os jovens estavam todos entretidos em levar comida e roupas para os mineiros.

4a ATO - A GUERRA DOS EMBOABAS:

O grande afluxo de forasteiros desagradou os paulistas.

Por terem descoberto as minas e por elas se encontrarem em sua capitania, os paulistas reivindicaram direito exclusivo de explorá-las. Entre 1708 e 1709, ocorreram vários conflitos armados na zona aurífera, envolvendo de um lado paulistas e de outro portugueses e elementos vindos de vários pontos do Brasil.

Os paulistas referiam-se aos recém-chegados com o apelido pejorativo de emboabas. Este é a alcunha tupi que dão aos reinois, pois emboaba quer dizer galinha ou pinto calçudo, evocação sarcástica das botas de cano alto usadas pelos portugueses que vinham da Metrópole para sacar e enviar para Lisboa o ouro do Brasil.

Os emboabas aclamaram o riquíssimo português Manuel Nunes Viana como governador das Minas. Nunes Viana, que enriquecera com o contrabando de gado para a zona mineira, foi hostilizado por Manuel de Borba Gato, um dos mais respeitados paulistas da região. Nos conflitos que se seguiram, os paulistas sofreram várias derrotas e foram obrigados a abandonar muitas minas.

Um dos episódios mais importantes da Guerra dos Emboabas foi o massacre de paulistas pelos emboabas, no chamado Capão da Traição. Nas proximidades da atual cidade de São João del-Rei, um grupo de paulistas chefiados por Bento do Amaral Coutinho. Este prometeu aos paulistas que lhes pouparia a vida, caso se rendessem. Entretanto, quando eles entregaram suas armas, foram massacrados impiedosamente.

Em represália, os paulistas organizaram uma tropa de mais ou menos 1 300 homens. Essa força viajou para Minas com o objetivo de aniquilar os emboabas, mas não chegou a atingir aquela capitania.

A guerra favoreceu os emboabas e fez os paulistas perderem várias minas. Por isso, eles partiram em busca de novas jazidas; em 1718 encontraram ricos campos auríferos em Mato Grosso.

Estas foram as principais conseqüências da Guerra dos Emboabas:

·        Criação de normas que regulamentam a distribuição de lavras entre emboabas e paulistas e a cobrança do quinto.

·        Criação da capitania de São Paulo e das Minas de Ouro, ligada diretamente à Coroa, independente portanto do governo do Rio de Janeiro (3 de novembro de 1709).

·        Elevação da vila de São Paulo à categoria de cidade

·        Pacificação da região das minas, com o estabelecimento do controle administrativo da metrópole.

5a ATO - A DERRAMA:

Em 1788, sempre zelosa de sua mais opulenta capitania, a Coroa substitui o corrupto governador Luís da Cunha Meneses por Luís Antônio Furtado de Mendonça, visconde de Barbacena e sobrinho do vice-rei Luís de Vasconcelos e Sousa. Naquela época era muito comum ocorrerem casos de corrupção no meio dos políticos.

O visconde chegou a Vila Rica (hoje Ouro Preto) com ordens expressas para aplicar o alvará de dezembro de 1750, segundo o qual Minas precisava pagar cem arrobas (ou 1.500 Kg) de ouro por ano para a Coroa.

Caso a arrecadação não atingisse essa cota, seria então cobrada a DERRAMA - o imposto extra tirado de toda a população até completar as cem arrobas.

No início de 1789, o visconde de Barbacena anuncia a derrama para arrecadar 538 arrobas de ouro.

 

6a ATO - A REVOLTA (OU INCONFIDÊNCIA):

Um clima de tensão e revolta tomou conta das camadas mais altas da sociedade mineira.

O anúncio da Derrama revolta um grupo de cidadãos que se reunia clandestinamente em Vila Rica para discutir o futuro do Brasil.  Entre eles estão intelectuais como José Álvares Maciel, Tomás Antônio Gonzaga, Alvarenga Peixoto e Cláudio Manuel da Costa, os padres Luís Vieira, Carlos Correa de Toledo e Melo e José da Silva Rolim, o tenente-coronel dos Dragões Francisco de Paula Freire de Andrade e o alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.

Inconfidência Mineira foi o nome pelo qual ficou conhecido o movimento rebelde e foi organizado pelos homens ricos e cultos de Minas Gerais. Ricos que não queriam pagar os impostos abusivos cobrados pela Metrópole. Cultos que tinham estudado na Europa e voltavam ao Brasil com influências do pensamento liberal dos filósofos franceses (Rousseau, Montesquieu, Voltaire e Diderot). Gente que se inspirava nas idéias do Iluminismo, que estavam em alta na Europa e impulsionaram a independência dos Estados Unidos (1776) e a Revolução Francesa (1789).

O projeto dos conspiradores defendia a livre produção, com divergências políticas sobre o sistema de governo - Federativo ou Monárquico constitucionalista. Algumas propostas tinham sido levantadas, como: a capital seria transferida para São João del Rei, ficando em Vila Rica a Universidade que seria fundada - a primeira do Brasil. Definiu-se a adoção da bandeira com o lema Libertas quae será tamem (Liberdade Antes que Tardia) e o início do levante foi marcado para o dia da cobrança da derrama.

No entanto, antes do dia marcado, um dos conspiradores, Joaquim Silvério dos Reis traiu o grupo, levando ao conhecimento do governador Luís da Cunha Menezes o levante. O governador de Minas suspende a cobrança geral e manda prender os conjurados. Quase todos são encontrados em Vila Rica. Tiradentes é preso no Rio de Janeiro, para onde são enviados os outros envolvidos no processo judicial.

A reação do governo foi imediata, a devassa foi completa. Cláudio Manuel da Costa foi tido como suicida, ainda que pairem dúvidas se ele não teria morrido assassinado, nos porões da Casa dos Contos, em Ouro Preto. A devassa arrasta-se até 1792. No início desse ano são lidas as sentenças dos réus. Muitos são condenados à morte, mas têm a pena comutada por prisão ou degredo na África. Tiradentes, considerado por alguns historiadores um idealista ingênuo manipulado pela elite que comanda o movimento, é o único condenado à morte a não obter clemência.

Diferentemente dos demais inconfidentes, ele é de origem pobre e tem pouca instrução. Esses fatores, acrescidos a seu empenho em defender os ideais do grupo durante o julgamento, transformam-no em alvo preferido das autoridades coloniais. A execução ocorre no Rio, no largo da Lampadosa, em 21 de abril de 1792. Seu corpo é esquartejado e a cabeça, exposta no alto de um poste na praça central de Vila Rica. 

 

Veja mais sobre Capacitação em Liderança em:
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Veja mais sobre o processo de aprendizado em:
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Esta é uma página pessoal que contém uma opinião essencialmente pessoal a cerca do tema O Quinto dos Infernos e a Inconfidência Mineira.
As opiniões são, no fundo, "provocações" feitas aos nobres companheiros rotarianos e são baseadas em contatos, estudos e experiências pessoais e vale-se da liberdade proprocionada pela WEB. Ninguém é obrigado a aceitar, nem se pretende afirmar que as opiniões aqui colocadas sejam verdadeiras. Agora, se você gostou, pode imprimir, copiar e divulgar à vontade.
Roberto Massaru Watanabe
membro do Rotary Club de São Paulo - Tatuapé - EMAIL: robertowatanabe@rotary4430.org.br. Watanabe é engenheiro e como tal participou do projeto das grandes obras da engenharia nacional como a Rodovia dos Imigrantes e as hidrelétricas de Ilha Solteira, Itaipú e Tucurui. Nesses empreendimentos, adquiriu muita prática na organização e condução de grandes equipes.

RMW\GEROI\oquintodosinfernos.htm em 22/04/2006, atualizado em 23/05/2009 .